“Toda a dinâmica do Viana Natação faz-se com pessoas e para pessoas”

Desde 2002 a incentivar a prática da natação para competição, o Viana Natação Clube tinha nesta época mais de meio milhar de atletas.

Com incertezas quanto ao futuro da modalidade, o coordenador técnico revela que tudo está a ser feito para que o regresso seja em breve, com todas as medidas de segurança.

Distribuídos por vários espaços desportivos quer no concelho de Viana, mas também em Caminha, José Couteiro pede a construção de uma outra piscina municipal em Viana do Castelo, que “iria trazer um novo impulso à cidade em termos desportivos e recreativos”.

A Aurora do Lima (AAL): Há quanto tempo existe o Viana Natação Clube?
José Couteiro (JC): O Viana Natação Clube foi fundado a 15 de outubro de 2002 e surgiu da vontade de um grupo de treinadores em criar na cidade um clube que se dedicasse em exclusivo à natação pura de competição, potenciando dessa forma as capacidades dos atletas que nessa altura praticavam a modalidade e também para que houvesse em Viana uma instituição com o foco exclusivo na natação e que pudesse proporcionar as melhores condições possíveis para os jovens vianenses na aprendizagem, na formação, no treino e na competição da natação pura. Nessa altura, no ano de 2002, verificava-se um desinvestimento e um desinteresse na natação de competição por parte de quem dirigia a EDV que era o único clube da cidade que até então fomentava a natação de competição na cidade, estando em contraciclo com aquilo que era a ambição, o trabalho realizado e todo o empenho e capacidade reconhecida (pelos resultados alcançados) dos técnicos que alavancavam a modalidade em Viana.

AAL: Foi por isso que decidiram criar este clube? Quem o fundou?
JC: Esse distanciamento foi a motivação para o nascimento do Viana Natação Clube, resultado de um conjunto alargado de vontades, dos técnicos e pais de atletas, que rumaram com o único objetivo que era o desenvolvimento da natação pura desportiva. Felizmente, o técnico Luís Cameira, sócio nº 1 do clube e o impulsionador do projeto, encontrou pessoas que abraçaram o desafio de tal ordem que, num período recorde, transformaram uma ideia numa realidade concreta que singrou e está já no seu 17.º ano de existência. O clube nasceu na piscina do Amorosa Sport Clube, onde teve a sua sede desportiva durante muitos anos, e contou com a preciosa colaboração de quem geria as instalações, que perceberam logo a importância para ambas as partes desta parceria que perdurou até ao ano de 2018.

AAL: E atualmente?
JC: Atualmente, o Viana Natação Clube está sediado no pavilhão de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo, e a sua atividade desenvolve-se em três piscinas municipais. Nas piscinas do Atlântico, Viana do Castelo e em Vila Praia de Âncora decorrem os treinos diários das equipas de competição e na piscina Frederico Pinheiro, em Viana do Castelo, o clube desenvolve toda a atividade de formação e recreação da escola de natação e também alguns treinos das equipas de competição.

AAL: Dedica-se em exclusivo à natação?
JC: A missão do Viana Natação Clube assenta na aprendizagem, no aperfeiçoamento, manutenção e na competição da natação pura desportiva. Em resposta a uma procura crescente da população das atividades dentro de água como prática de atividade física regular com vista à melhoria do seu estado de saúde geral, o clube também promove aulas de hidroginástica.

AAL: Quantos atletas?
JC: Nesta época desportiva de 2019/2020 o clube estava a registar até à paragem forçada da atividade, em meados de março, o seu maior número de utentes filiados numa só época, contabilizando perto de 540 utentes que usufruíram de forma regular dos serviços prestados pelo Viana Natação Clube desde setembro de 2019. Utentes de todas as faixas etárias, desde os seis meses aos 90 anos de idade, entre os quais se enquadram os 70 nadadores das quatro equipas de competição – cadetes, infantis, absolutos e masters. Para estes 70 atletas, o clube proporciona a participação em cerca de 40 competições, ao longo de cada época desportiva, competições de nível regional (do calendário da Associação do Natação do Minho), de nível nacional e também de nível internacional, com destaque para as participações em todos os campeonatos nacionais de todas as categorias.

AAL: Quais são os objetivos futuros? E as necessidades?
JC: Os maiores constrangimentos com que o clube se depara atualmente são a falta de espaços disponíveis para potenciar a formação de novos nadadores, devido aos escassos espaços atribuídos para dinamizar a sua atividade, mas também ao facto desses espaços estarem divididos por várias instalações desportivas. Isso condiciona o funcionamento do clube a nível estrutural, obrigando a deslocações diárias dos atletas e necessidade de utilização de transportes próprios do clube semanalmente, mas também divide a equipa, separando o treino dos atletas dos diversos escalões etários inviabilizando a otimização de recursos e potencialização das diferentes características dos nadadores. A nossa visão é sermos reconhecidos como instituição de referência no que concerne aos serviços que prestamos aos utentes, e dessa forma procuramos dotar o clube de profissionais da maior qualidade humana, científica e técnica, fator que consideramos ser decisivo na sua referência e diferenciação. Pensamos só assim conseguir fintar todas as adversidades estruturais que o clube enfrenta diariamente e que vai ludibriando habilidosamente com todo o querer, competência e profissionalismo de todos aqueles que o servem. Também só dessa forma conquistamos a confiança dos nossos parceiros institucionais que nos garantem também a sustentabilidade do clube, com especial referência para a Câmara Municipal de Viana do Castelo, que confia ao Viana Natação Clube, por via dos excelentes serviços prestados pelos seus técnicos, protocolos de desenvolvimento desportivo no âmbito da natação do primeiro ciclo e do “Vencer a idade com saúde”. Também o IPDJ, ao nível dos seus programas de apoio financeiro, deposita confiança no clube nas atividades que este promove de cariz social junto das populações mais desfavorecidas e especiais, nomeadamente através de iniciativas de apoio junto da Casa dos Rapazes e da APPACDM de Viana do Castelo.

AAL: Esta pandemia afetou, de alguma forma, o clube?
JC: Esta situação da Covid-19 irá certamente trazer dificuldades de várias ordens ao futuro da atividade do clube, desde já pela incerteza do momento de reabertura das piscinas municipais e depois dessa reabertura, as restrições à utilização dos seus espaços, mas sobretudo pela reação da população ao reinício da atividade e a confiança que irão depositar na utilização das instalações. Toda a dinâmica dos clubes e do Viana Natação, em particular, faz-se com pessoas e para pessoas. Necessitamos num futuro próximo que os nossos utentes regressem à piscina para usufruírem das suas aulas semanais, seguindo as regras e normas que, entretanto, serão adaptadas aos novos condicionalismos, sem receios ou dúvidas porque o clube e os técnicos que connosco trabalham tudo farão para um recomeço seguro e mais organizado possível. Relativamente às equipas de competição, o início dos treinos em água será o mais breve quanto possível. Os atletas das várias equipas estão ligados e em treino de condição física, em casa, devidamente orientados e monitorizados pelos respetivos técnicos, e assim que lhes for permitido farão aquilo de que mais gostam que é nadar. De futuro, pretendemos continuar o nosso esforço contínuo de melhorar as condições dos nossos atletas para a prática da modalidade, quer ao nível da melhoria dos espaços de treino em quantidade e qualidade, quer também ao nível da otimização do processo de aprendizagem das escolas de natação de forma a potenciar a melhor qualidade técnica dos nossos atletas. Sabemos que esta situação pandémica poderá condicionar a construção da única infraestrutura que, no nosso entender, ainda falta em Viana do Castelo que é uma nova e condigna piscina municipal. Isso iria trazer um novo impulso à cidade em termos desportivos e recreativos. De qualquer forma, estamos conscientes do trabalho responsável e sério que temos desenvolvido nestes últimos 17 anos e pretendemos continuar a fazê-lo junto dos vianenses, adaptando-nos a todas as situações e contextos que sejam mais ou menos favoráveis à nossa atividade.

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