Alumnus IPVC criam Sidra “Nua”

Miguel Viseu terminou a licenciatura em Engenharia Agronómica na Escola Superior Agrária (ESA) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), em 2012, e ainda hoje mantém ligação com a instituição. A desempenhar atualmente funções de enólogo numa empresa, com sede em Ponte de Lima, Miguel Viseu, começou a fazer sidra para consumo próprio e, em 2018, avançou com o projeto da sidra NUA com João Gomes, agrónomo, e Tiago Sampaio, produtor de vinhos. Apesar de terem criado um produto natural com o objetivo de exportar, os empresários acabaram por ser “surpreendidos” pela recetividade do mercado nacional.  Cheio de ideias e com muita vontade de criar novos produtos, o antigo aluno do Politécnico de Viana do Castelo, deixa o desabafo e o alerta para a falta de produção de variedades regionais de maçãs.

Quando se instalou em Ponte Lima para estudar Engenharia Agronómica na ESA do Politécnico de Viana do Castelo, Miguel Viseu, não imaginaria que Ponte de Lima iria ser a sua nova casa. Uma terra, refere, onde há a tradição da sidra, bebida pela qual também se deixou enamorar. “Desde muito cedo que me apercebi da importância da sidra e a minha veia empreendedora começou a surgir pelo comecei a produzir sidra para consumo próprio”. Como tinha ambição de levar o projeto mais longe depressa se juntou ao amigo João Gomes com o objetivo de chegar além-fronteiras.

Tiago Gomes, que é produtor de vinho, acaba por se juntar aos dois amigos no projeto, aceitando o desafio de produzir na sua adega a sidra NUA.  “Estamos numa das poucas regiões do país onde há tradição da sidra e decidimos avançar sempre com esta perspetiva de manter a tradição.

Quando questionado sobre o nome da sidra, Miguel Viseu foi categórico: “Quando criámos a sidra queríamos algo natural, sem aditivos, sem conservantes nem estabilizantes, ou seja, um sumo de maçã fermentado. Além disso, pretendíamos brincar com a palavra e como o produto era essencialmente para exportar seria uma palavra simples e fácil de decorar. Assim nasceu a NUA”.

Nas Feiras Novas em Ponte de Lima a bebida tradicional é a cerveja. Mas é também nestas festividades maiores da vila onde se começa a beber e a gostar de Sidra. “Experienciei isso mesmo enquanto aluno da ESA -IPVC “, confessa Miguel Viseu, que revela os seus planos para a exportação da bebida. Mas a surpresa chegou do mercado nacional. “Acabamos por ser surpreendidos pelo mercado nacional que escoa praticamente toda a nossa produção”. Com um distribuidor em Lisboa e com venda direta no Norte do país, o alumnus da ESA-IPVC garante que a pandemia “não parou o negócio”.

Mesmo assim os níveis de exportação da sidra NUA não param de surpreender o empresário. “Hoje, a empresa vende milhares de garrafas por ano, sendo que a maior fatia das vendas vai para os EUA, França, Suécia, Japão e Holanda”.

“Há necessidade de ser feita uma aposta na produção de mais variedades regionais de maçã”

A comprar maçã de primeira, porque “ainda há pouca produção”, o objetivo da marca “é estimular os produtores a apostar mais na produção de variedades regionais para lhes dar mais valor comercial e para que as mesmas sejam vendidas a um preço justo”.

Apesar de não excluir a possibilidade de vir a ter pomares no futuro, Miguel Viseu admitiu que o projeto é um negócio recente e por isso ainda não tem capacidade financeira para fazer um investimento dessa natureza. “Estamos a esgotar a nossa produção ano após ano, falta matéria-prima para produzir mais”, lamentou.

Atualmente com três produtos, vendidos em barril e garrafa, os empresários vão buscar a matéria-prima de Vila Nova de Cerveira a Penafiel, com destaque para Ponte de Lima. “Temos uma parceria com a ESA-IPVC e compramos maçãs de refugo do pomar experimental da escola e até para investigação e partilha de conhecimento”, revelou o alumnus, evidenciando algumas variedades, como a porta da loja, o malápio, o verdeal, o pipo de basto, que são usadas na sidra.

Apesar de Miguel, João e Tiago manterem as profissões, o negócio da sidra continua a crescer e vai ganhando cada vez mais dimensão. “A ideia é criar postos de trabalho, porque é preciso dar resposta aos clientes e interessados. O projeto ainda está a dar os primeiros passos, mas está a crescer e a ter muito mais sucesso do que esperávamos”, confessa.

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