“Gelados do Sr. Lima” são atração na praia fluvial da Argaçosa

O meadelense José Edgar Lima, de 71 anos, antigo serralheiro, dedica-se há mais de quatro décadas à confeção e venda de gelados. Nos dias quentes está estacionado junto à praia fluvial da Argaçosa e a carrinha bege e azul atrai os mais gulosos. Há dias, onde a fila é maior, mas segundo o vendedor os dias mais quentes são os mais fracos para o negócio, porque “as pessoas não querem sair de casa”.

“Eu conheço o sr. Lima há muitos anos”, refere um dos clientes habituais. Esta frase era ouvida recorrentemente durante o tempo que estivemos em reportagem junto à carrinha.  “Eu conheço os clientes pelas caras, mas também pela voz”, diz, orgulhoso, o vendedor ambulante. 

José Edgar Lima foi emigrante em França e quando regressou a Viana incentivou o pai, pasteleiro, a vender gelados na rua. “Este carro foi o segundo. O primeiro era um citroen, que adaptamos para conseguirmos vender junto às escolas e nas praias. Mas há 40 anos não havia dinheiro para pão quanto mais para gelados”, explica Edgar Lima, como prefere ser chamado. Contudo, o sucesso foi “imediato, porque os sabores são originais”.

A partir das 14h e até perto das 20h, o local de venda é junto à antiga praça de touros, no “paraíso na terra”, como faz questão de identificar. Durante a madrugada e manhã prepara os sabores de gelados para vender naquele espaço. 

Maracujã, meloa, manga, mirtilo, cereja, limão, menta, banana, pistáchio e até arroz doce são alguns dos sabores disponíveis este ano. Uma das novidades do ano é o sabor de “Marshmallows”, muito apreciado pelos mais pequenos por causa da cor azul. Contudo, há pessoas que não dispensam os tradicionais de baunilha, morango e chocolate.

Com clientes de todas as idades, Edgar Lima orgulha-se de afirmar que “tenho clientes emigrantes que a primeira coisa que fazem ao chegar a Viana é vir à minha carrinha para comer um gelado”.

“E a tua irmã hoje não veio?”, pergunta Edgar Lima a uma cliente habitual. “Eu conheço os pais, os avós e os irmãos. Já são muitos anos”, afirma.

“Desde o tempo da escola que como os gelados do sr. Lima”, conta David Fonte, de 30 anos. “Já a minha mãe era cliente, passei a ser eu e daqui a pouco trago o meu filho”, explica o filho do proprietário da pizzaria localizada nas proximidades à praia da Argaçosa. “Os gelados são muito bons”, refere. 

“Que sabor é que queres minha menina?”, pergunta Edgar Lima a uma criança, acompanhada pelo pai. Com a falta de resposta, o vendedor de gelados atira: “chocolate, baunilha e morango são aos três sabores que toda a gente gosta”. A resposta afirmativa do pai coloca em ação as mãos habituadas de Edgar Lima.

Todos os dias tenta trazer um sabor diferente e o quadro onde descrimina os sabores e os preços nem sempre é suficiente para todas as opções. “Hoje também temos o de banana, mas ainda não escrevi no quadro”, assegura. Para além dos sabores diferentes de gelados, disponibiliza ainda vários recheios e toppings. 

Gelados confecionados pelo casal

Atualmente, os gelados são confecionados por Edgar Lima e pela esposa. “Antigamente era a minha mãe e a minha esposa que faziam, mas agora calha-me a mim e à minha mulher”, explica Edgar Lima. 

“Agora tocou-me a mim trabalhar de noite e de dia”, afirma. Adiantando que “a receita é a original”, mas “tento sempre inovar”. “Este ano, tenho o gelado de melância, que é um gelado de água e é adequado para quem é intolerante ao leite”, explica. Informando ainda que “tento trabalhar com a fruta da época”. O gelado de arroz doce é já um sabor habitual. “A minha mulher faz à moda antiga da Meadela e é muito bom”.

Há seis anos, abriu um café junto à escola de Santa Maria Maior e deixou de circular pelas escolas. Prática que fazia antes das férias escolares. A pandemia também o limitou nos movimentos. No futuro, não vê continuidade no negócio. “Não sei como será no futuro. O meu filho mais velho é engenheiro e o outro está com o café. Não vejo ninguém a dar continuidade ao negócio”, lamenta. “Já me sinto muito cansado”, desabafa.

A Rádio Renascença é o som de fundo na carrinha, “Ebro”,  adaptada para venda de gelados, mas também de bebidas, batatas fritas, sacos surpresa e pastilhas elásticas.  

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