João Rodrigues cruzou música, design e artesanato

Com 24 anos, o aluno do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) escolheu desenvolver uma guitarra em cortiça. No âmbito da tese de mestrado em design de produto aliou a música, design e artesanato. O custo da guitarra varia dos 850 aos mil euros.

“Tudo começou com a tese de mestrado em design do produto que tirei no Instituto no ano letivo 2017/18. Sempre gostei de música e comecei  a estudar bateria e percussão em 2005, na Fundação Maestro José Pedro. Em 2016 comecei a ganhar interesse pela guitarra e quando chegou o momento de escolher o tema para a minha tese, o meu orientador, Ermanno Aparo, que também está ligado a um projeto de construção de um instrumento (Almada Trumpet), desafiou-me e disse-me para arriscar e desenvolver um instrumento musical”, explica o jovem.

João Rodrigues decidiu apostar na cortiça e contou com a colaboração da Corticeira Amorim. Para além desta, estão envolvidas mais oito empresas do norte de Portugal e Galiza. “O objetivo foi sempre levar mais além as potencialidades da cortiça e produzir um instrumento com mais singularidade e portugalidade”, observa.

As diferenças desta guitarra para as convencionais são várias, mas o autor destaca cinco. Desde logo, a “leveza pelo facto de 75% do corpo ser constituído por cortiça expandida. A guitarra pesa apenas 2,9kg quando a média das guitarras elétricas, de corpo sólido, ronda os 4kg”. Outra característica é a sustentabilidade. Em “termos de som a guitarra tem um timbre bastante brilhante e agudo. O sustain foi das características mais surpreendentes em termos sonoros”, assinala. Acrescentando ainda que “as laterais do corpo não tem acabamento para que se possam usar as propriedades da cortiça em todo os seu esplendor.

A guitarra pode ser pousada em contacto direto com o chão sem que se risque devido à elasticidade e durabilidade da cortiça. Por fim, a imagem da guitarra é muito singular sendo impossível fazer duas guitarras iguais”. O autor enaltece ainda “o padrão da cortiça e o aspeto “cru” dos materiais”.

Para além de outros artistas, que deram “feedback positivo”, João Rodrigues ressalva o concerto dado, no dia 12 de abril, no Centro Cultural pelo músico brasileiro Henrique Neto. Esse referiu a “facilidade de tocar e a beleza do instrumento. Apesar de ser um músico de choro e não tocar guitarra elétrica sugeriu diferentes tipos de instrumentos e abordagens para o projeto”.

As guitarras tem um custo que começa nos 850 e podem ir até aos 1000 euros, dependendo dos componentes e pickups que forem escolhidos. “Cada guitarra pode e deve ser personalizada”, sublinha João Rodrigues.

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