José António Garcia já fez 110 mil km a pé

Anda em permanente peregrinação há 11 anos. Já percorreu, a pé, cerca de 110 mil quilómetros e passou este mês por Viana do Castelo. Na residencial VianaMar, onde ficou alojado, José António Garcia Calvo, um bem disposto espanhol de Cádis, com 70 anos de idade, deu conta ao A Aurora do Lima das suas aventuras.

José António era pescador de bacalhau e, em 1998, foi o único sobrevivente, entre 17, de um naufrágio. “Estive nove horas a flutuar no mar gelado até ser resgatado por um helicóptero de buscas. Prometi à Virgem do Carmo que, se sobrevivesse, iria a todos os caminhos santos do mundo, em peregrinação e seus santuários. Minutos depois fui salvo. Foi um verdadeiro milagre”, recorda.

Depois de uma recuperação lenta e difícil, de oito anos, José dá início às suas peregrinações que já o levaram a Jerusalém, a Roma (onde esteve com o Papa), Bósnia e…. Senhora da Aparecida, no Brasil. “A pé!”, garantiu-nos, perante a nossa admiração, dando conta de um trajeto que o levou através da Rússia e a atravessar, com a ajuda de esquimós, o estreito de Bering (que liga os oceanos Pacífico e Ártico entre a Rússia e os Estados Unidos). Os seus feitos, aliás, têm sido notícia na Imprensa dos mais variados países, como testemunham os recortes de jornais que nos mostrou.

Agora, já percorreu seis mil dos sete mil quilómetros da um percurso, obviamente a pé, iniciado em Cracóvia (Polónia), percorreu Alemanha, França, Norte de Espanha, passou por Viana do Castelo, seguindo por Fátima e Algarve até à sua terra-natal, Cádis, onde conta efetuar o descanso anual de dois meses. Para a tradicional consoada de Natal tem alguns convites, mas ainda não sabe onde estará para a celebrar.

Garante-nos que a sua alimentação não tem nada de especial; muitas vezes são conservas. Garante que se sente bem, mostra-nos um documento de uma operação recente a uma hérnia, a 28 de novembro, e… que não fez a paragem recomendada (que, se fosse cumprida, ainda estava agora a registar-se). Fala da solidariedade e entreajuda entre peregrinos. Assevera que em Portugal há uma predisposição para os apoiar que não há em Espanha, notando, com um sorriso nos lábios, que já passou frio e fome… mas nunca com vontade de desistir.

Relativamente à família (filha e netos), dá-nos conta do orgulho que manifestam nele, enfatizando o facto de já ter sido recebido por dois Papas e pelo próprio Dalai-Lama.

Numa vida tão recheada e viajada, muitos episódios curiosos já lhe sucederam. Um deles tem a ver com a sua chegada a Roma (Vaticano) dois dias antes do encontro com o Papa Francisco. Decide aproveitar esse espaço de tempo para ir (aqui de comboio) a uma localidade a 80 km, onde existe uma “imagem da Virgem que deita sangue”. No regresso, é abordado pela polícia e, após identificado como peregrino é conduzida, numa viatura desta, até ao Vaticano.

Relativamente aos peregrinos que encontra, considera que são cada vez menos. “Encontro mais são turigrinos!”, observa. Sobre a diferença, explica: “O peregrino agradece, o turigrino exige”.

Alcino Lemos, o proprietário da residencial onde ficou alojado de 09 para 10 deste mês dá-nos conta dos muitos caminhantes para Santiago, muitos deles descansam, embora o período “alto” seja no verão. Ali – assevera – recebem também muitas indicações sobre o caminho, bem como, sempre, um “pin” dos Caminhos.

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