“Nós queremos dar vida aos anos”

Fundada há 240 anos, a Congregação N.ª Sr.ª da Caridade assinalou na última sexta-feira do mês de novembro a festa de aniversário da instituição e dos utentes que nasceram nesse mês. Com duas valências sociais e uma clínica de fisioterapia, a Caridade foi fundada por José da Costa Pimenta Jarro e está sedeada no antigo Convento de Santana. António Morgado lidera um grupo de 13 elementos, voluntários, que pretende honrar e seguir os princípios da Instituição.

António Morgado está na direção há 25 anos. Como presidente há menos, mas continuará nos próximos anos, até porque, nas eleições de janeiro, a lista liderada por aquele é a única candidata. “Os elementos da direção são todos voluntários. Não há muitos interessados em desempenhar este papel”, explica o presidente da direção. António Morgado lamenta também o pouco reconhecimento da sociedade no papel da Instituição.

“Atualmente a sociedade reconhece-nos muito pouco valor. Nós sobrevivemos durante muitos anos com a boa vontade das pessoas das freguesias. Havia cortejos de oferendas a trazer lenha, milho e outros produtos agrícolas. Hoje não há reconhecimento nem do nosso papel nem das outras instituições. A população acha que o Estado dá um grande subsídio por cada utente, mas dá 300 e poucos euros. Temos aqui utentes que tem a reforma mínima e nós só podemos levar no máximo 90 por cento da reforma, mas só para casos especiais. A maioria contribui com 80% do valor da reforma. E isso não dá nada”, acentua.

IPSS´S COM ORÇAMENTO SUPERIOR A DOIS MILHÕES

Como Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS´s) tem 150 utentes em regime de internamento e 66 crianças na Creche Beija-Flor. Para o Estabelecimento Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) contam com uma lista de espera de cerca de 250 utentes e para a creche já tem inscrições para setembro de 2020.

A Caridade começou por prestar apoio ao domicílio e só em 1786 é que “admitiu os primeiros idosos”. António Morgado enaltece o papel da Instituição nas duas guerras mundiais. Durante o período da I Grande Guerra distribuíam a chamada “sopa dos pobres” e na II disponibilizaram água aos vianenses. “Durante a II Grande Guerra, como temos minas de água, pusemos uma torneira junto ao Sá de Miranda para abastecer a cidade, porque houve uma seca muito grande. A Instituição sempre esteve aberta comunidade”, afirma o presidente.

Anualmente o orçamento da Caridade é superior a dois milhões de euros. Este ano, e segundo o presidente da direção, o saldo das contas é positivo. “Está previsto as contas deste ano fecharem com um saldo de dois mil euros. No ano passado tivemos um saldo negativo de cerca de 300 euros. Mas este ano será positivo”, salienta. Adiantando que a “gestão rigorosa” permite apresentar estes números. “Eu e o tesoureiro da casa estamos aqui todos os dias e fazemos tudo para que não haja desvios nas contas”, manifesta.

Para além do apoio do Estado e os pagamentos dos utentes, o orçamento da Instituição é feito com as rendas do património existente. “O que nos tem valido é a renda de algumas casas que nos deram antigamente e dantes contávamos também com os juros de algum dinheiro que a Instituição dispunha, mas agora é mais difícil”.

MINAS DE ÁGUA
Apesar de terem minas de água potável, legalmente não a podem utilizar para consumo. António Morgado reconhece que diariamente são muitos os litros de água potável desperdiçados e uma despesa de 1000 euros mensais na fatura da água, que poderia ser atenuada.

“Só podemos usar a água das nossas minas na lavandaria e no jardim. Para consumo não a utilizamos, porque a lei não nos permite”, refere António Morgado.

Neste momento, a prioridade da direção é continuar a melhorar as condições de habitabilidade do espaço. “O que está previsto é continuar a melhorar as condições de habitabilidade da casa”, assinala. Até porque um dos lemas da Caridade é “dar vida aos anos”.

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