“O objetivo é criar sustentabilidade com os nossos negócios”

Há relativamente pouco tempo, houve mudança na direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo. David Lourenço assumiu a presidência e aponta três eixos estratégicos de atuação: a renovação da frota; a questão do quartel e ainda a reestruturação económico-financeira da instituição.

O presidente reconhece o apoio da autarquia e as conversações com esta para a mudança do quartel, no entanto não quer dar mais informações até a proposta estar “estruturada”. Falando de uma vontade antiga para a relocalização do quartel, David Lourenço não tem dúvidas de que em breve haverá novidades nesta matéria.

Tomou posse como presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários em março de 2021. Qual o balanço que faz?
São quatro meses e ainda é cedo para fazer um balanço considerável. Na minha tomada de posse elenquei alguns pontos. Temos uma frota muito envelhecida, nomeadamente as nossas ambulâncias de transporte de doentes e de socorro. E ainda o objetivo de melhorar as condições de habitabilidade enquanto não se vislumbra uma solução mais condigna para a nossa estrutura. E depois tem de haver um olhar interno para uma reestruturação socioeconómica e económico-financeira, porque temos de olhar para esta casa de uma forma diferente para rentabilizar e criar parcerias que nos permitam aumentar os nossos ganhos. Estamos a falar de uma instituição que tem 40 assalariados.

As questões financeiras são sempre um desafio para as Associações de Bombeiros?
São custos muito elevados. Todo o material e equipamentos para os bombeiros têm custos muito elevados. São equipamentos necessários e que não podemos descurar, mas que têm custos muito elevados.

Para funcionar contam com alguns apoios. São suficientes?
Nós estamos a pensar em desenvolver uma campanha mais robusta para a angariação de novos sócios. Temos, portanto, de trazer a comunidade para junto de nós, que já tem estado, mas precisamos de uma maior agregação de esforços para mostrarmos a nossa visibilidade. Um dos nossos grandes parceiros é a Câmara Municipal. E depois temos de arranjar formas de rentabilização económica, com projetos aliciante e motivadores que vão ao encontro da nossa missão, que é a proteção das pessoas e bens, mas que tenham alguma rentabilidade. Nós não estamos interessados no lucro, não é essa a nossa missão, queremos o ganho suficiente para que esta instituição funcione bem. E que possamos dar aos nossos funcionários as melhores condições.

Falou de alguns pontos que anunciou na tomada de posse. Em relação à frota, o que é necessário?
Renovar a nossa frota, nomeadamente no transporte de doentes. Felizmente, e mais uma vez a Câmara Municipal no nosso aniversário fez-nos a oferenda de uma ambulância de transporte de doentes, que deverá chegar no final de agosto ou início de setembro. Fizemos também a aquisição de uma outra ambulância, que nos vai permitir substituir uma que já está em fim de vida. E a nível de frota já estamos a notar uma melhoria paulatina. Temos também uma ambulância de socorro, que ainda está a ser paga, mas que já chegou e está em funcionamento. E ainda um autotanque, que foi um trabalho de grande dedicação de um bombeiro nosso, Jorge Alonso, que permitiu a conversão de um veículo da Agros. Era necessário um veículo para o transporte de água para situações de incêndios ou de abastecimento. A frota já está a ter alguma melhoria.

Mas há sempre necessidades.
No final do ano vamos ter outro veículo que vai ficar no fim de linha, porque falamos de veículos com mais de 300/400 mil quilómetros. O nosso dia-a-dia é transportar pacientes, e por isso os veículos têm desgaste. A questão pandémica também não veio abonar a nossa situação financeira.

Falou ainda da questão da requalificação do quartel, mas havia a intenção de deslocalização para outro espaço. Como está essa situação?
Um novo espaço já é pensado há muito tempo, fruto das características e da localização deste. Para dar resposta às necessidades operacionais e formativas de um corpo de bombeiros temos de ter um quartel dimensionado à “legis artis” dos dias de hoje. Sabemos que é uma questão que não vai ser resolvida em quatro, seis meses ou um ano. Estão a decorrer negociações, muito bem encaminhadas, com o nosso parceiro, Câmara Municipal. Já há uma avaliação deste edifício e um projeto estruturado. Não posso adiantar mais informações, porque quando a proposta estiver toda estruturada os primeiros a serem informados serão os nossos associados.

Mas a intenção é sair daqui para outro espaço.
Sim, será um quartel novo. Independentemente disso, estamos a trabalhar em pequenas melhorias que são necessárias.

Há relativamente pouco tempo, o executivo municipal aprovou a transferência de uma verba para a execução de obras de melhorias.
Antes deste apoio já tínhamos feito umas pequenas remodelações internamente, mas agora com o apoio da nossa Câmara iremos renovar o telhado, porque todos os anos chove no interior do quartel. Queremos que esta obra seja concretizada o mais rápido possível para que este inverno não chova.

Depois de acontecer a deslocalização do quartel deste edifício, ele será entregue a alguma entidade?
Ainda é cedo para falar deste assunto. Neste momento, estamos a negociar com a Câmara a intenção de sair deste espaço. Temos já uma proposta semiestruturada. Quando essa proposta estiver no papel será apresentada aos nossos associados.

De que forma será feita a reestruturação económico-financeira?
Através da criação de parcerias, que já estamos a elaborar. Vamos dar apoio a um grupo que organiza ralis. Fizemos, há cerca de um mês, uma parceria com a Câmara Municipal para dar apoio à vigilância nas praias. Na nossa ótica, o nosso concelho é ótimo para a prática de desportos aquáticos, que são um tanto o quanto radicais e há um acréscimo do risco, por isso consideramos importante complementar o que já existe e bem. Temos uma ambulância sedeada na praia do Cabedelo, mas que dá apoio a outros locais, com dois bombeiros com formação de primeiros socorros e de suporte. Vamos ter também um desfibrilador, porque há um aumento de população. Este é um projeto-piloto que decorre em agosto e setembro, mas esperamos que continue nos próximos anos.

O objetivo é tornarem-se autónomos financeiramente.
Sim, queremos encontrar parceiros, que nos permitam conseguir benefícios mútuos, em prol da nossa comunidade, da segurança dos vianenses e dos bens. O objetivo é criar sustentabilidade com os nossos negócios. Teremos, certamente, de reorganizar a nossa dinâmica de transporte. Há ainda muito trabalho para fazer.

Estamos num período crítico de combate aos incêndios florestais. Como foi preparado?
À semelhança de anos anteriores é, antecipadamente, criado um dispositivo que dê resposta às necessidades. Esse dispositivo foi, de facto, criado, com o apoio do nosso comandante em substituição e das demais instituições. Estamos convictos que estamos preparados para o pior cenário. Há, ainda a possibilidade de proporcionar alojamento a outras corporações. Julgamos que tudo está preparado. O dispositivo está pronto, mas esperamos que não haja necessidade de o colocar no terreno.

Projetos para os próximos tempos?
Consolidar o caminho que estamos a fazer e as nossas parcerias. Conseguir mais parceiros que nos permitam criar oportunidades de negócio. Os objetivos estão traçados e estamos a caminhar para os cumprir. Estamos aqui há apenas quatro meses, e a semente está lançada, agora, em conjunto com a equipa, é necessário fazer um trabalho de consolidação. Também já estruturamos um plano de pagamento aos nossos fornecedores, que têm sido muito compreensivos, para irmos pagando a dívida. Temos algumas dívidas que vamos saldando. O nosso plano é que, a médio prazo, se consiga atenuar as dívidas que tínhamos.

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