O Vianense “é um clube com uma história muito rica”

Rui Silva está à frente do Sport Clube Vianense desde 2015. Cumprindo, juntamente com a equipa, o segundo mandato. Num ano em que completam 122 anos de existência, as cerimónias ficaram cingidas ao hastear da bandeira na sede do clube, na presença de um dos sócios mais velho, alguns elementos da direção e os diversos associados no exterior, na rua Manuel Espergueira, por causa do Coronavírus.

Com várias crises ultrapassadas, Rui Silva acredita que isso aumentou a “capacidade de resiliência” e defende que os vianenses sempre estiveram ao lado do clube. Acrescentando que “o Vianense é claramente uma das instituições mais relevantes e mais importantes do concelho”.

Se nos primeiros 25 anos não tinha a prática de futebol, hoje esta modalidade é uma das principais do clube. E na opinião do presidente da direção, os restantes clubes existentes no concelho de Viana tiveram a sua origem no Vianense.

A Aurora do Lima (AAL): O SC Vianense assinala 122 anos. É uma data a celebrar?
Rui Silva (RS): Todos os aniversários são datas a assinalar, não só para as pessoas individualmente, mas também para as instituições. A longevidade das instituições depende de muitas pessoas e da capacidade de conseguirem manter a atividade do clube. Ainda para mais, um clube como o Vianense que passou, com muita regularidade, por fases muito complicadas da sua existência como foi a última, quando nós entramos em 2015. O clube estava numa situação muito delicada. No entanto, nós temos vindo a dizer e é uma realidade, o facto do Vianense passar, com alguma regularidade, por momentos difíceis deu-lhe também uma enorme capacidade de resiliência e também às pessoas mais próximas do clube.

AAL: Foram crises positivas.
RS: Deu ferramentas para que possamos ultrapassar estas fases complicadas. O Vianense é claramente uma das instituições mais relevantes e mais importantes do concelho. Teve, no início da sua existência, a responsabilidade de, por exemplo, fazer o cadastro de todas as estradas. Durante os primeiros 25 anos não teve a prática do futebol. Só 25 anos depois da sua fundação é que teve futebol.

AAL: Que outras modalidades?
RS: Podemos dizer que quase todos os clubes da cidade, de modalidade, são filhos do Vianense, porque resultam de secções que foram criadas dentro do clube e depois deram origem a novos clubes. Há um conjunto de clubes de modalidade que tiveram origem nas secções do Vianense. E esta é uma data importante porque permite relembrar uma riquíssima história do clube. O papel importante que tem na vida da cidade e do concelho. É também um momento especial para as pessoas se unirem ainda mais à volta do clube. E conseguirmos o nosso objetivo que é re-projetar o clube para aquela dimensão que achamos que deve ser de acordo com o historial.

AAL: Quais eram então as principais modalidades?
RS: O clube foi criada por pessoas que tinham grande importância na sociedade local. Começou por ter, e ainda se mantém, a Biblioteca do Clube. Havia o hábito de vir para a sede não só para ler, mas também para consultar os jornais. O clube teve secções de hipismo, ciclismo, polo aquático, e uma secção muito importante na história do clube que foi a natação. Muitos vianenses aprenderam a nadar na Escola de Natação do Vianense, que ficava na Doca. O Vianense foi, apesar de hoje não o ser, um clube muito eclético. Mas isso é uma discussão que vamos ter de ter.

AAL: Hoje quantas modalidades têm?
RS: Hoje tem o futebol, a dança e o judo. No passado teve até campeões nacionais de outras artes marciais. E excelentes classificações na Volta a Portugal de ciclismo. É um clube com uma história muito rica.

AAL: Quantos atletas já passaram pelo clube?
RS: Não faço a mínima ideia. É muito difícil saber o número, mas passaram milhares e milhares de crianças e jovens e aqui fizeram a sua formação. Às vezes as pessoas associam o momento dos clubes à posição em que se encontra a sua equipa mais representativa. Neste caso concreto, a equipa sénior está a disputar um campeonato distrital e às vezes é desvalorizado o clube enquanto clube e efetivamente a equipa principal tem uma importância simbólica muito importante, mas não é o facto de a equipa principal estar a passar por momentos mais complicados, que deixa de ser um grande clube. É um grande clube porque tem um papel muito importante, mesmo em termos sociais, porque é uma das bandeiras e ícones da própria cidade.

AAL: Neste momento, quantos atletas têm?
RS: Neste momento temos cerca de meio milhar de atletas, entre futebol, judo e secção de dança.

AAL: De que idades?
RS: Temos atletas desde os quatro até aos 70/80 anos.

AAL: Os vianenses estão desligados do clube?
RS: Não, não. Quando na época de 2015/2016, a nossa equipa de futebol sénior foi despromovida aos campeonatos distritais, havia a ideia de que isso teria como consequência um certo esvaziamento do clube e isso não aconteceu. Nós temos vindo, regularmente, a aumentar o número de associados. Neste momento, o Vianense tem cerca de dois mil sócios e na nossa opinião tem havido, paulatinamente, uma maior aproximação dos vianenses ao clube. Para nós é claro que os vianenses gostam do clube, mas andavam um pouco desligados do mesmo. Achamos que o trabalho que todos temos vindo a fazer tem permitido que os vianenses se venham a aproximar do clube.

AAL: Fazem algumas ações para isso?
RS: Ainda recentemente tivemos uma ação para um jogo de futebol da nossa equipa sénior onde apelamos ao envolvimento de outros clubes da cidade e tivemos uma enorme recetividade e ficamos muito satisfeito, porque os outros clubes atenderam muito bem aquilo que foi o nosso repto e deram uma resposta extremamente positiva, porque também os outros clubes reconhecem o papel do Vianense dentro do contexto local, não só desportivo, mas também social.

AAL: Em termos de dificuldades principais?
RS: As dificuldades são semelhantes aos outros clubes. Os clubes querem sempre fazer mais e têm vontade de o fazer. Terem mais atividades, mais atletas. Que a equipa principal seja mais qualificada e isso obriga a dois tipos de recursos, um deles é financeiro. Mas todos os clubes se queixam do mesmo. Quem dirige os clubes quer sempre ter mais. O outro recurso é o patrimonial, as instalações. Nós também tínhamos necessidade, para aumentar a nossa atividade, de melhorar e aumentar o nosso espaço para conseguirmos ter maior capacidade na formação de futebol.

AAL: Mas já fizeram obras no campo de futebol?
RS: Temos vindo a fazer um trabalho principalmente com a Câmara Municipal e acredito que a breve prazo haverá boas novidades e que poderemos ter uma solução que ajude o Vianense a consolidar-se como um clube de referência na formação de futebolistas.

AAL: Este é também um objetivo?
RS: O Vianense é hoje um clube certificado pela Federação para ensino da modalidade. É um processo extremamente rigoroso. Na época desportiva passada, o Vianense foi o clube, a nível distrital, que obteve a melhor certificação aquém daquilo que devíamos e merecíamos. Mas para além disso, temos obrigatoriedade de cada vez mais ter melhores condições para oferecer aos nossos atletas.

AAL: Havia um projeto de requalificação do campo e balneários?
RS: Sim, e continua em cima da mesa.

AAL: Mas as obras ainda não iniciaram, é isso?
RS: Não começaram, porque estamos em diálogo permanente com a Câmara Municipal temos a preocupação de sermos extremamente rigorosos na forma como gerimos o clube e não desperdiçarmos aquilo que são recursos do erário público. Defendemos que quando o investimento for feito, que seja para médio e longo prazo, porque em determinadas fases do Vianense houve pequenos investimentos que foram feitos, supostamente para resolver problemas do momento, mas que à posterior se revelaram grandes problemas, porque não resolveram de forma global e integrada.

AAL: O clube passou por algumas dificuldades financeiras. E agora?
RS: Temos a situação equilibrada e controlada, mas fazer a gestão do Sport Clube Vianense continua a ser um trabalho de enorme exigência. Não é fácil. Nunca será fácil fazer a gestão de um clube. Neste momento, temos a situação equilibrada, mas precisamos de mais e melhores recursos e é nesse sentido que estamos a trabalhar. Há também uma ideia, que já colocamos aos associados que é uma reorganização do clube para autonomizarmos a gestão do futebol sénior e isso permitirá que sejam canalizados mais recursos para a formação e que o Vianense seja cada vez mais forte na formação dos seus jogadores. Mas para que isso seja feito, é importante que a gestão do futebol sénior seja autonomizada e que haja financiamento e recursos próprios.

AAL: Os objetivos futuros passam por essa autonomia do futebol sénior?
RS: É autonomizar o futebol sénior e resolver a questão das instalações, e uma luta onde estamos envolvidos desde sempre, e que este ano continuamos e que estamos bem lançados que é colocar a nossa equipa principal na divisão nacional.

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