Orlando Barros brinda-nos com mais dois livros

Ora com prosa, ora com poesia, qual trabalhador que já não lhe sobeja tempo para cuidar dos calos das mãos, Orlando Barros (OB), demonstra-nos que só o trabalho da escrita o sossega. Chegaram-nos mais dois livros. “Abat-jour”, poesia, foi prémio literário João da Silva Correia, instituído pelo Município de São João da Madeira, e com júri de gente suficientemente credenciada para saber escolher: Luís Filipe Castro Mendes, ex-ministro da Cultura, o poeta José Fanha e o editor António Baptista Lopes.

Não deixando de referir que se trata de uma poesia de que se pode e deve gostar, cada leitor sentirá o seu efeito. Não menos interessante, é a previsão meteorológica que OB faz, em contracapa, para os ditadores. Cita, para começar, Caio Júlio César, apunhalado sete vezes com sete punhais por sete senadores de Roma e termina como Nicolae Chausescu e a esposa Helena, de que ainda nos lembramos, fuzilados a metralhadora no pátio de um quartel; tão prontamente que nem sequer pestanejaram. Pelo meio, não lhe escapam outros tiranos como Rmanov, Hilter, Mussolini, Estaline, Franco e Salazar, cada um com a sua morte própria, mais ou menos escabrosa. Pois, o tempo não está para ditadores, Orlando.

Na prosa OB conta-nos a história de um tal Pierre Bonnechance, o único preto da cidade de Leiria, que se destacava pela elegância da veste e do perfume que exalava. O seu amor pelo Estado Novo, manifesto desde tenra idade, facilitou-lhe a vida, mas a revolução do 25 de Abril trocou-lhe as voltas. A viúva Palmira, que reconheceu em velório de Torcato Bernardes, procura ajudá-lo a superar os dramas criados por uma revolução que não esperava. Só que as revoluções são o desassossego dos acomodados a estados impuros; e, ao elegante Pierre, em delírio, só lhe restou vagabundear por Leiria, fazendo alusões ao livro profético de Isaías.

Trata-se de uma história bem ao estilo do escritor mais premiado de Viana do Castelo, que teima em não se mostrar, mas que os amantes da leitura teimam em conhecer.
E aqui estão mais dois livros que se leem com reflexão (o primeiro) e com anseio de se saber como termina, (o segundo).

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