“Os pedidos de ajuda têm vindo num crescendo”

O núcleo da Cáritas Diocesana de Viana do Castelo funciona desde março de 1984, e neste ano conta com um crescendo número de pedidos de ajuda. Só em janeiro de 2021 receberam pedidos de ajuda de 84 famílias.
José Machado Oliveira (na foto) revela preocupação pelo futuro. “Como será no decorrer do ano, com o desemprego que assistimos devido à pandemia que nos arrasa?”, questiona.
O presidente da direção sublinha o papel social da instituição, que conta com o trabalho voluntário de muitos. Aquele responsável apela à generosidade dos vianenses na entrega de bens alimentares e monetários nas instalações da Cáritas, junto ao Convento de São Domingos.

Há quanto tempo existe a Cáritas Diocesana de Viana do Castelo?
A Cáritas Diocesana de Viana do Castelo foi oficialmente constituída em 23 de março de 1984 pelo saudoso Bispo D. Armindo Lopes Coelho, com estatutos aprovados, tomada de posse da Direção e do Conselho Fiscal. No entanto, iniciou a gizar-se em 1979 pelo primeiro Bispo de Viana, D. Júlio Tavares Rebimbas.

Quais são as vossas principais funções?
Como organização socio-caritativa da Igreja Católica, o trabalho principal das pessoas que se voluntariaram neste serviço de ajuda, é a prática da caridade, da solidariedade, da partilha e da entreajuda aos mais vulneráveis e carenciadas à luz do Evangelho e das Obras de Misericórdia, inspiradas na Doutrina Social da Igreja. Apesar de ser uma organização da Igreja Católica, as pessoas são vistas como seres humanos necessitados, não se olhando a crença, raça ou cor.

Como está a ser exercida a vossa função nestes tempos tão atípicos?
Os voluntários da Direção constituíram-se em equipas de duas pessoas para efetuarem o atendimento social, que até março de 2020 era feito nas tardes de terças e quintas-feiras. A partir dessa data, passou a ser diário devido ao avolumar de pessoas que aguardavam para serem acolhidas. Esta alteração teve, também, em consideração as normas da D.G.S., evitando-se a aglomeração de pessoas e proceder à desinfeção do local. O atendimento social é feito na sede da Cáritas, no Convento de S. Domingos. Aqui satisfazem-se as solicitações de índole doméstica. No roupeiro social, sito na Rua da Bandeira, um grupo de senhoras lideradas pelas voluntárias da Direção, dão resposta a pedidos de roupa e de mobiliário. Este serviço é feito quinzenalmente, nas tardes de quarta-feira.

Tem sentido um número crescente de pedidos de ajuda?
Infelizmente os pedidos de ajuda têm vindo num crescendo. A partir de meados de 2019 e princípios de 2020, estávamos a assistir a uma melhoria social. O desemprego a baixar e as famílias a sentirem menos dificuldades. A partir do primeiro trimestre do ano de 2020 as necessidades voltaram a crescer. Em janeiro deste ano prestamos apoio a 84 famílias. Como será no decorrer do ano, com o desemprego que assistimos devido à pandemia que nos arrasa?

Quais são os principais pedidos?
Não gostamos de fazer alarde do trabalho que executamos. Consideramos que, por ser um trabalho a favor do bem comum, não deve ser mensurado. No entanto, há uma satisfação que se deve à sociedade, neste caso aos nossos benfeitores e parceiros que nos ajudam. Num ligeiríssimo panorama da atividade em 2020 informamos que foram feitos 1.341 atendimentos sociais. Foram apoiadas 327 famílias, muitas deles com caráter mensal. Estas famílias correspondem a um universo de 3.394 pessoas. No apoio social foram gastos € 63.157,39. Não estão incluídos os géneros doados pelo Banco Alimentar e pelos benfeitores. Os principais pedidos são para pagamento de alugueres de casa, de despesas de saúde e domésticas (água, luz e gás), sempre acompanhados de um cabaz de géneros alimentares e de artigos de higiene. Está prestes a ser concluído o Balanço e Contas de 2020, onde o custo dos itens referidos estão parcialmente descritos.

Quem vos procura atualmente?
A Cáritas Diocesana de Viana do Castelo através das suas ações de proximidade contribui para a inclusão ativa da sociedade no apoio às famílias, às crianças e jovens, aos marginalizados e injustiçados. Na luta contra a pobreza procura respostas que ajudem as pessoas a tornarem-se autónomas e capazes de enfrentar os desafios da vida. Esta é uma das missões da Cáritas. Nos tempos que correm, devido às consequências da pandemia, somos confrontados com situações urgentes e de resolução imediata. Somos procurados por pessoas idosas e doentes, muitas a viver na solidão, auferindo pensões de sobrevivência ou o R.S.I de baixo valor; beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI); famílias estruturadas e responsáveis, cuja vulnerabilidade se deve à doença, ao desemprego e aos baixos salários; pobreza envergonhada; casais jovens, desempregados e em início de vida. Muitos deles sem vínculo laboral, impedindo-os de beneficiarem dos apoios estatais. Imigrantes de várias nacionalidades vindos através do CLAIM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes – Gabinete da Cáritas de apoio à comunidade migrante. Estudantes dos PALOPS.

Todo o trabalho é feito por voluntários?
Todo o serviço de atendimento social é feito pelos voluntários, que agregam ainda a função administrativa e orgânica (contabilidade, gestão, trabalho administrativo, etc.). Em parceria com a Diocese temos uma colaboradora administrativa, que presta serviço nas tardes dos dias da semana. No CLAIM temos uma técnica Mediadora para atendimento dos migrantes, em parceria com o Município de Viana do Castelo (FAMI).

Como é que as pessoas vos podem ajudar?
Através da partilha de bens alimentares e monetários. De todas as ofertas em géneros e monetárias é sempre emitido um recibo, seja qual for o seu montante, podendo ser usado para desconto do IRS. Podem dirigir-se diretamente à Cáritas, todas as tardes dos dias úteis da semana, e fazer a sua oferta. Nos dias que correm toda ajuda é pouca pelo que apelamos à generosidade dos vianenses e dos leitores deste conceituado jornal.

A vossa área territorial é o distrito de viana, mas de que concelho recebem mais pedidos de ajuda?
A área de abrangência territorial da Cáritas é o da Diocese de Viana do Castelo, que corresponde ao distrito. Temos pedidos de quase todos os lados da Diocese, mas o arciprestado de Viana, quer pela proximidade, quer por ser o mais populoso, é de onde provém a maioria dos pedidos. Muitos gabinetes de proximidade da Segurança Social espalhados pelo distrito, frequentemente solicitam a nossa colaboração. Aproveitamos para informar que a parceria feita com a Câmara Municipal de Viana do Castelo é o principal sustentáculo da Cáritas Diocesana.

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