Pesca do bacalhau em foco nos 21 anos da chegada a Viana

O navio Gil Eannes chegou há 21 anos a Viana do Castelo, para aí ser atracado na antiga doca comercial e assumir funções de museu.

Para assinalar a efeméride, foi apresentado o livro A Pesca do Bacalhau – História, Gentes e Navios: Os Navios – motor da Pesca à Linha, Tomo III escrito pelo capitão João David Bilelo, inaugurada a exposição “Campanha do São Ruy de 1952” e visionado um filme sobre essa viagem do São Ruy.

A sessão solene comemorativa aconteceu, no domingo, a bordo do navio Gil Eannes, com a apresentação do livro e a inauguração da exposição “Campanha São Ruy 1952”, na sala José Hermano Saraiva.

Uma sessão com sala cheia, com pessoas oriundas de locais tão distintos como o Algarve, Setúbal, Barreiro, Lisboa, Leiria, Figueira da Foz, Aveiro , Ílhavo, Porto, Vila do Conde, Esposende, etc.

Estavam também muitos pescadores que participaram nessa viagem, bastantes capitães de navios da pesca do bacalhau, representantes da Associação “Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo” e da “Confraria do Bacalhau de Ílhavo”.

NAVIOS BACALHOEIROS
João David Bilelo considerou ser “uma grande honra estar aqui pela terceira vez, a bordo do Gil Eannes a apresentar o terceiro tomo do meu trabalho, Os Navios-motor da Pesca à Linha, da minha obra que tem quatro volumes A Pesca do Bacalhau – História, Gentes e Navios”, agradecendo o acolhimento ao presidente da autarquia e administrador da Fundação Gil Eannes.

Depois, enquadrando, apontou as três empresas de pesca que foram “as mais importantes e as que mais se destacaram na indústria portuguesa da pesca do bacalhau”: a Parceria Geral de Pescarias fundada em 16 de março de 1891, a Empresa de Pesca de Viana, fundada em 28 de abril de 1925, e a Empresa de Pesca de Aveiro, fundada em 26 de maio de 1928.

Detendo-se na Empresa de Pesca de Viana, lembrou que “a 02 de janeiro de 1935, João Alves Cerqueira, seu fundador e sócio gerente, enviou uma carta ao ministro do Comércio e Indústria a pedir o favor de este resolver, com rapidez, as condições e o auxílio a prestar às construções em ferro para a pesca do bacalhau, para poder ir a Lisboa tratar da construção de um novo navio em aço para a campanha de 1936”. Foi o primeiro passo –notou – para a construção do que viria a ser o “Santa Maria Manuela”.

Mais tarde – adiantou – João Alves Cerqueria comprar dois navios aos estaleiros e, conjuntamente com Américo Rodrigues, mestre geral dos estaleiros, e com a experiência que ambos tinham adquirido durante a construção do “Creoula” e do “Santa Maria Manuela”, trabalharam no sentido de os adaptarem a navios da pesca do bacalhau à linha com dories. Foram os dois primeiros navios-motor da pesca do bacalhau à linha e que iniciaram a atividade na campanha de 1939.

Já em 1943 – observou o capitão Bilelo – sem grandes adaptações e sem ser necessário nem um guincho de pesca nem tanta potência a instalar no motor propulsor, o projeto foi utilizado para a construção dos dois primeiros navios-motor em madeira. Discorrendo sobre as construções para a pesca bacalhoeira, destacou ainda o facto de, entre 1952 e 1959, se terem construído 16 grandes e caros navios-motor, em aço.

João David Bilelo disse ainda que foi “em 1974 que a pesca do bacalhau à linha acabou para os portugueses com o naufrágio do “Ilhavense” e do “São Jorge” e com o regresso prematuro do “Novos Mares” a Aveiro, com a tripulação em greve e o porão carregado de sal”.

DOCUMENTÁRIO ENCHEU “SÁ DE MIRANDA”

Já, a 31 de janeiro, na exibição do documentário inédito do vianense Capitão João Araújo, “Campanha do São Ruy de 1952“, a lotação do teatro esgotou pelo que teve de realizar-se uma segunda sessão.

O guião do filme foi escrito pelo Capitão João David Bilelo, a edição de imagem deFlávio Cruz, arranjos gráficos Rui de Carvalho e a voz do ator António Durães.

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