Tiago Pereira convida para a Música Portuguesa a Gostar Dela Própria

Tiago Pereira, com a Música Portuguesa A Gostar Dela Própria (MPAGD), vai chegar a Viana do Castelo no próximo 07 de abril, domingo, a partir das 11h, no Parque da Cidade.

Trata-se de um “piquenique musical”, um conceito que surge, conforme nos foi referido, num tempo em que a sociedade está cada vez mais marcada pela diferença e respetiva discriminação na constante discussão da ordem do dia.

O evento propõe a união de pessoas numa partilha duma experiência de convívio através da música e da comida, num único espaço, fora dos grandes centros urbanos.

Esta iniciativa foi pretexto para o A AURORA DO LIMA colocar algumas questões a Tiago Pereira, numa antevisão ao acontecimento.

Qual a razão para a escolha de Viana do Castelo para a realização da iniciativa?

As coisas acontecem sempre primeiro por razões afetivas. A minha relação de infância no Minho, o facto de eu ter aprendido a nadar no rio Minho e ter amizades profundas aí, como a Josefina Bouças, das Cantadeiras do Vale do Neiva. Depois porque o Minho é festivo, recebe bem, é altivo e alegre e tem muitas romarias. Uma particular que adoro, São João de Arga, tem uma história particular com o Pedro Homem de Melo e o Desiderio, grande bailador da Góta, de Dem. Contava ele que em meados dos anos 70, já não se dançava e cantava porque sim, na Romaria havia discos pedidos que tinham ocupado esse espaço. O Pedro Homem de Melo deu 2000 escudos ao Desiderio e disse-lhe vais lá e pedes que não ponham discos nenhuns, até esse valor acabar. E assim foi, de repente tudo ficou em silêncio, mas depressa se aperceberam da marosca e puseram discos outra vez, mas foi o suficiente para o padre escrever sobre o assunto no jornal de Caminha e mais tarde o São João de Arga voltou ao que é hoje, muita gente a cantar e a dançar por que sim. O piquenique é isso.

A ideia é que quem toca algum instrumento português e cante música tradicional possa participar e fazerem a festa juntos?

A ideia é criar um outro modelo social, que já existiu mas que as pessoas se esqueceram, em que a partilha, o convívio e a escuta são privilegiados. Esse modelo sempre existiu até há mais ou menos 50/60 anos atrás. Mas o advento da televisão, da rádio e das tecnologias fizeram as pessoas esquecerem-se. Aqui o que se propõe é que as pessoas se juntem e toquem o que quiserem. E o que daí resultar poderá ser de raiz tradicional ou não. O piquenique está para além de quaisquer rótulos.

Convidam as pessoas a levar o piquenique e a partilhar.

Acreditamos dentro do nosso projeto que as pessoas podem aprender com a partilha, o estar, a escuta e que isso pode contribuir para todos pensarmos em qual é o papel que queremos ter na sociedade. Hoje em dia as pessoas já não se juntam, as pessoas estão viradas para si mesmas e é preciso, de certa forma, combater isso e mostrar outras formas, outras possibilidades.

Será um evento aberto a todas as pessoas?

As pessoas só tem de aparecer e ser elas próprias, aproveitarem o momento e partilharem esse espaço e esse momento de partilha.

A entrada é livre?

É livre, o piquenique não tem hierarquias, nem se move pela economia, quer ser exatamente o oposto disso, promovendo a partilha e o cantar porque sim.

Que apoio conseguiram da autarquia vianense?

Acima de tudo um apoio de entendimento em que a autarquia apoia a comunicação do mesmo e faz a ponte entre as associações que queiram participar mais ativamente no piquenique. Podendo vender produtos regionais, a gastronomia local.

Quantos piqueniques já realizaram?

Este vai ser o terceiro. Um em Monforte da Beira que juntou mais de 600 pessoas. Outro em Lisboa, no meu aniversário, e agora este.

O Tiago Pereira tem feito registo de muitas tradições. Em Viana o que ainda falta registar?
Polifonia e polifonia, desgarradas e danças. Tanta coisa de facto.

O evento vai ser depois divulgado nalguma outra plataforma ou no âmbito do projeto “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”?

Vai ser divulgado por quem quiser ir lá e contar a sua estória e a sua experiência.

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