Vianense vence prémio da Fundação Luso-Americana

A vianense Manuela Silva, de 51 anos, psiquiatra e investigadora do Hospital de Santa Maria, venceu a 2.ª edição do Science Award Mental Health da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). A investigadora receberá 300 mil euros para desenvolver um projeto, ao longo de três anos, para “contribuir para a qualidade de vida das pessoas com experiência de doença mental, numa época em que as necessidades em Saúde Mental são ainda mais evidentes”.

Manuela Silva explica que o projeto “Effectiveness of the Critical Time Intervention-Task Shifting (CTI- TS) model for persons with serious mental illness discharged from inpatient psychiatric treatment facilities in Portugal” será um ensaio clínico no pós-internamento. Os doentes mentais com esquizofrenia e doença bipolar serão os escolhidos para integrar este ensaio.  

Na prática e, segundo a investigadora, “são criadas equipas de dois elementos para acompanhar pessoas com doença mental grave no pós-internamento, durante nove meses”. As equipas “serão contratadas e treinadas pela equipa responsável pelo projeto, com recurso a um manual da Universidade de Columbia, que será traduzido e adaptado à realidade portuguesa, ao abrigo deste projeto”, assegura. Manuela Silva conta ainda que uma das inovações deste ensaio é que uma das pessoas contratadas terá de “ser obrigatoriamente uma pessoa com doença mental grave, mas numa situação já de recuperação ou estabilização efetiva”. 

No ensaio vão participar 150 pessoas, que recentemente estiveram internadas no Centro Universitário Hospitalar Lisboa Norte, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e Hospital Beatriz Ângelo. “Em cada um destes serviços, haverá duas equipas, cada uma irá acompanhar 10 a 12 pessoas com doença mental grave por um período de nove meses. Os doentes que integrarem a amostra deste projeto serão avaliados em diversos parâmetros e em três momentos: no início, nove meses depois e aos 18 meses, para avaliação dos efeitos. O ensaio está estruturado de forma que haja uma intervenção muito intensiva nos primeiros três meses, havendo depois uma identificação e uma ligação às estruturas que já existem na comunidade, para que estas pessoas não fiquem sem apoio após o final do projeto”, revela Manuela Silva.

Com experiência clínica de alguns anos, Manuela Silva explica que os principais problemas destas pessoas são as “dificuldades de acesso ao tratamento, problemas na qualidade e continuidade dos cuidados que recebem e no respeito pelos seus direitos enquanto cidadãos”. Para a investigadora, estes doentes são “pessoas estigmatizadas e os cuidados que lhes devem ser prestados são, muitas vezes, negligenciados”.   

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