Merecida homenagem

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O que me traz hoje aqui não resulta da minha vivência em Viana do Castelo, nem se refere diretamente a qualquer facto ali ocorrido, mas sim, e tão somente, apresentar uma proposta que, tanto quando julgo, a cidade deveria prestar a um dos seus filhos.

Como é sabido uma das formas mais vulgares de homenagear cidadãos ilustres (bem como a outros que o não são tanto assim) é conferir a um arruamento da cidade onde nasceram, ou onde desenvolveram grande parte da sua atividade, o nome desses cidadãos

Tenho para mim que Luís da Cunha Moreira é um dos vianenses que, em minha opinião merece, sobejamente, tal distinção. 

Recordo aqui parte da sua biografia que, em tempos, foi publicada nos Cadernos Vianenses (Tomo 49). 

Nascido em Viana do Castelo, na Rua dos Manjovos, em 12 de dezembro de 1740, era filho de António da Cunha Moreira e de Benta Gonçalves da Pena e, como a grande maioria dos nascidos na Ribeira de Viana, desde muito cedo (1753) começou a embarcar, o que sucedeu, aliás, com os seus irmãos, vindo a adquirir a categoria de piloto de todas as Carreiras, exceto a da Índia, em 1763. Por 1770 já exercia o cargo de capitão de navios o que continuou a suceder durante muitos mais anos, tendo efetuado em navios da marinha mercantil 18 viagens ao Brasil e uma para a Índia.

Em 18 de maio de 1797, a seu pedido, ingressou na Armada Real com o posto de 2.º Tenente sendo promovido, poucos meses depois, a 1.º Tenente .

Exerceu o comando do bergantim Mercúrio, do bergantim Vitória e em fevereiro de 1800 do bergantim Minerva que seguiu de escolta aos navios mercantes da frota do Pará e do Maranhão. Tendo-se juntado ao bergantim Espadarte, este comandado pelo britânico Nicolas Wolff, regressaram ao Reino escoltando os navios da frota, vindo o comboio a ser atacado, no dia 12 de julho, por uma fragata francesa de muito maior poder de fogo. De imediato os dois navios da escolta ter–se–ão colocado entre a fragata francesa e os navios do comboio tendo a Minerva iniciado o combate pelas 9h30, combate esse que durou até cerca das 13h altura em que o Minerva, já não tendo munições, apresentando  vários buracos no costado e o aparelho praticamente desfeito, com 10 mortos e muitos feridos, alguns deles em estado grave, começou a afundar-se, tendo os sobreviventes, entre eles Luís da Cunha Moreira, sido socorridos pelo outro bergantim da escolta.

Por sentença do Conselho de Guerra, de 24 de outubro 1800, Luís da Cunha Moreira foi absolvido pela perda do navio e, logo em 5 de dezembro, promovido a Capitão de Fragata, pela forma como se portara no combate. Nicolau Wolff, por seu lado, teve baixa da Armada com afronta e pena de degredo para Angola.

Em 1801, voltou a exercer o comando de um bergantim, o Boa Ventura, em 1802 comandou a nau Vasco da Gama e no final desse mesmo ano o da fragata Ulisses. Em 1807 comandava a fragata Golfinho que integrava a e Esquadra Príncipe Regente para o Brasil.  

Em 1808 foi promovido Capitão de Mar e Guerra e mais tarde a Chefe de Divisão (posto equivalente atualmente ao de contra-almirante) tendo vindo a falecer em Lisboa, onde então vivia, no ano de 1812.

Quer-me parecer que as qualificações de Luís da Cunha Moreira não ficam aquém das de muitos que têm os seus nomes perpetuados na toponímia de Viana do Castelo. 

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