A Alta Velocidade, uma estratégia absurda!

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Será mesmo fundamental Portugal apostar na Alta Velocidade como é expressamente referido no PNF?

“A construção de uma nova Linha de Alta Velocidade (LAV) entre o Porto e Lisboa revela-se como o primeiro investimento transformador na rede ferroviária nacional e que se estabelece como base fundamental para o desenvolvimento futuro da rede previsto no Plano Ferroviário Nacional”.

Não haverá outras prioridades bem mais importantes? Claro que sim. Hierarquizá-las-ei assim:

1º Transporte urbano e suburbano de passageiros. 

É neste segmento que se encontram as grandes movimentações de pessoas, com as consequentes implicações na mobilidade.

2º Transporte internacional de mercadorias.

Fundamental para a competitividade da nossa economia.

3º Transporte regional de passageiros (densificação da Rede Ferroviária).

Muito importante para a Coesão Territorial do nosso país.

 

E só depois a Alta Velocidade (AV).

Uma vez que a AV só serve o transporte de passageiros, e destes:

* Passageiros turistas, e serão muitos, pretendem viajar com alguma lentidão para melhor apreciarem a paisagem.

* Passageiros profissionais, cada vez mais usam a videoconferência para dialogar com os parceiros;

Os casos restantes, aguentam bem mais uma hora de viagem, desde que fatores de serviço – pontualidade, frequência e comodidade – estejam presentes.

Não esquecendo que a concorrência do transporte aéreo continuará a existir, até porque no fim desta década ele próprio terá dado fortes passos no sentido da descarbonização.

Então, o seu lançamento não é imperioso para já.

Antes de avançarmos para a análise da proposta do PNF para a AV (fica para o próximo número), deitemos os olhos a algumas conclusões do Relatório sobre AV, elaborado pelo Tribunal de Contas Europeu em 2018:

1. A decisão de construir linhas de Alta Velocidade assenta frequentemente em considerações políticas e as análises custo-benefício não são normalmente utilizadas como um instrumento para apoiar decisões com uma boa relação custo-eficácia;

2. As infraestruturas ferroviárias de alta velocidade são dispendiosas e estão a tornar-se cada vez mais caras;

1. Nem todas as linhas de muito alta velocidade construídas são necessárias;

1. Utilizando um valor de referência, uma linha de alta velocidade deveria idealmente transportar NOVE MILHÕES de passageiros por ano para ser bem-sucedida;

1. Os comboios circulam em média apenas a cerca de 45% da velocidade de projeto da linha;

1. A qualidade da avaliação das necessidades reais nos Estados-Membros é fraca, e a solução alternativa de modernizar as linhas convencionais existentes muitas vezes não é devidamente considerada, ainda que as poupanças conseguidas com esta opção possam ser significativas.

Virgílio Dias

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