A barra do nosso descontentamento

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Na nossa última edição noticiamos o lançamento da obra de dragagem do canal de acesso aos Estaleiros Navais da WestSea, por um valor de 17,4 milhões de euros + iva, suportado pela Administração dos Portos de Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), valor acrescido de mais 11 milhões de euros, como investimento privado da parte da própria WestSea.

A controvérsia sobre o acesso ao porto de mar e aos Estaleiros Navais vem de longe. Terminadas as obras de reformulação do porto (1931/1940), logo se concluiu que o canal de acesso era incompatível com as embarcações que o mesmo podia abrigar. Com a fundação dos ENVC, em 1944, dada a pressão das forças vivas da cidade, foi possível ir mantendo o assunto na agenda dos poderes. E obras houve – para o efeito, foi inscrita uma verba de 20.000 contos no Plano de Fomento de 1953/58 –, mas de efeito quase nulo, já que os fundos do canal da barra não iam além dos 4 a 5 metros. Por essa razão, os ENVC tiveram de concluir vários navios em Lisboa, já que, se terminados em Viana, não era possível a sua saída para o mar. Nem mesmo com as obras de mudança do porto para a margem esquerda do Rio Lima (1976/83) o problema do canal ficou suficientemente compatível com as necessidades da atividade marítima de forma integrada.

Aqui chegados, só podemos concluir, mais uma vez, que Viana nunca viveu nas boas graças dos governos. Se já em 1940 era evidente a necessidade de uma intervenção de aprofundamento do canal da barra e ela só acontece decorridos 80 anos, estamos bem conversados sobre o ostracismo a que sempre fomos votados. Esperemos que, concluídas as obras dos acessos por terra e por mar para servir, quer o porto, quer a indústria naval, haja um incremente no dinamismo destas atividades, especialmente no porto de mar, que no período de 2001 a 2015 decresceu permanentemente no movimento de cargas. E se agora regista algum progresso, depois de bater bem no fundo, até que volte ao que foi no ano de 2000, vai levar tempo que canse.

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