A guerra jamais será solução

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Não vale a pena abordar as muitas guerras em que as nações se envolveram, muitas impostas pela força das circunstâncias, mas fundamentalmente pela existência de gente sem escrúpulos na governação de países e gentes. Porém, independentemente destas razões, como já aqui se tem dito, por detrás de todas as guerras há sempre uma forte e quase decisiva componente geoestratégica, a que se alia a económico-financeira. 

Infelizmente, o Ser Humano, em boa parte, tem dificuldades em viver apenas com o que lhe é essencial para ter existência condigna, esquecendo que, para além de si, há sempre o seu semelhante, tantas vezes sem o mínimo para poder sobreviver. Esta condição faz parte da natureza humana e só em espíritos muito esclarecidos e de boa formação moral ela pode ser atenuada. Era neste grupo de gente informada e de forte suporte humano que se deveria eleger estadistas, pugnadores da aproximação dos povos e com respeito pelos valores e crenças de cada um. O pior é que, em boa parte dos países, nem sequer há eleições livres e sérias, perpetuando-se no poder a tirania, da qual resulta o cortejo de misérias que todos conhecemos. É por isso que a Europa, em que vivemos, ainda é o melhor continente para viver.

A guerra resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia diz-nos que estamos a regredir em matéria de respeito pelos direitos de cada país e da boa vivência das sociedades. O secretário-geral da Nato diz-nos que acabaram as ilusões do “período áureo” da nossa geração pós-Guerra Fria, e que, doravante, a preparação para a guerra passou a ser o novo normal da segurança europeia. Sem peias, afirma que temos que conviver permanentemente com o espectro da guerra. Contudo, as populações o que mais desejam é a paz e a liberdade. Não querem isolamento, antes proximidade em todos os domínios: cultural, desportivo, científico e outros. 

Ninguém sabe como acabará este conflito que conduz à destruição de pessoas e bens. Provavelmente, nem tudo foi feito para que a ele não  tivesse chegado, mas quem gere os nossos destinos sabe bem que uma guerra iniciada será sempre uma guerra mal terminada, já que, para além dos infortúnios que deixa, lega-nos um mundo mais desconfiado, menos crente, mais tendente a não fazer o que tanta falta faz, e mais permissivo a novas guerras. Estamos em tempos de despir orgulhos e trabalhar com afinco para fechar esta porta do mal e abrir a porta da paz. É isso que os povos desejam, não perdoando, com o andar do tempo, a quem não soube ou o não quis fazer. 

 

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