A imprensa regional e os seus dilemas

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

No passado dia 1, das 11 às 13 horas, no âmbito da iniciativa “Ler em Viana” – a feira do livro em edição renovada –, falou-se de imprensa regional. Com moderação de Porfírio Silva, participaram os diretores de quatro publicações bem conhecidas no meio: A Aurora do Lima, Alto Minho, Notícias de Viana e Notícias da Barca. Em dia e hora pouco propícios para debates, porque em dia do trabalhador e da mãe, sem esquecer que próximo do almoço, a presença de público tinha que ser escassa; mas o assunto tem a sua importância própria, daí nada se ter perdido. Mesmo que sem público, haveria nele interesse, até para que cada um dos quatro participantes, que contribuem para produzir informação que chega a vários milhares de leitores em Portugal e no estrangeiro, falasse da sua prática, podendo com experiência e ideias enriquecer o trabalho de todos. 

Como se constatou, a crise na imprensa regional, como em boa parte da imprensa em Portugal, vem de longa data, porém agravada paulatinamente, dando a ideia pouco simpática de que o torniquete instalado um dia atingirá os seus intentos. Mas se os problemas são de relevo, há que valorizar o dito popular de que “dos fracos não reza a história”. E também este aspeto foi claro neste debate, o que só por si é encorajador. Sentiu-se vontade de contribuir para produzir informação qualificada e com respeito por quem a lê, informando com independência, sem esquecer a obrigação de fazer de cada notícia um exercício pedagógico e lúdico, para que o leitor faça da leitura do jornal um ato de prazer.

A imprensa regional precisa de ter a sua vida simplificada, assunto difícil de abordar neste curto espaço, mas que, a começar nos poderes, toda a gente conhece, como é o caso, entre vários, do péssimo funcionamento dos CTTs. Há assinantes nossos a queixarem-se de que recebem o jornal decorrido três ou mais dias daquele em que o deviam ter recebido. E o nosso caso não é único, como constataram os nossos colegas presentes neste fórum. Contudo, de pouco vale protestar, como regularmente fazemos, já que o grande objetivo da empresa responsável é dividir lucros entre os acionistas no fim de cada ano. E quem quiser que se amanhe.

A imprensa regional, com os ajustamentos devidos, saberá encontrar o seu caminho. Quem sempre resistiu, como nós vimos resistindo ao longo de 166 anos, dando a Viana o orgulho de ter o mais antigo jornal de Portugal Continental, saberá encontrar forças para continuar a resistir. Viana não perderá a sua A Aurora do Lima, que tantos, categoricamente, afirmam não querer deixar morrer.

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