Já aqui abordámos várias vezes o momento pandémico que vivemos, fazendo-o numa perspetiva de compreensão das medidas que vão sendo adotadas, convictos de que, com a adesão de todos, haveremos de ultrapassar este tempo penoso, regressando à normalidade para superar obstáculos próprios da vida, agora substancialmente agravados.
Mas a confiança, em torno de uma mobilização que deve ser geral, só se ganha e reforça se quem nos governa demonstrar oportunidade e firmeza nas decisões. Falhar é natural, particularmente perante o imprevisto, mas há processos que, forçosamente, deveriam ser melhor conduzidos. E um deles são os serviços públicos, já que o país não pode parar de todo. Aliás, as atividades produtivas mantêm-se e, ao que se vai constatando, sem danos de maior no plano da saúde.
Se apostamos no funcionamento regular de boa parte da atividade fabril, quase toda ela dinâmica e de forte concentração de pessoal, felizmente sem graves consequências para quem labora, mal se compreende que os serviços públicos não estejam minimamente disponíveis para assuntos básicos. Diz-se que sim, que por marcação telefónica é possível dar resposta a questões de urgência, mas alguém que vai tentando essa via dificilmente consegue ser atendido. E se o consegue, como nos refere um nosso leitor em carta dirigida ao diretor, raramente os problemas são resolvidos, antes se apostando no adiamento das soluções.
Falar em má vontade poderá ser considerado injusto, mas as deficiências de organização e falta de planeamento são evidentes. Ora, é em momentos de crise que a eficácia deve, acima de tudo, estar presente. Sendo esta uma necessidade natural em tempos de rotina, deverá ser premente em períodos de aflição como o que estamos a viver. Se as populações sentem ineficácia onde se torna obrigatório a boa operacionalidade, só há razões para deixar de acreditar. E isso é o que menos precisamos, particularmente nesta altura.