A verdadeira obreira do seu sucesso

Carlos Veiga Anjos
Carlos Veiga Anjos

Por uma feliz coincidência de datas com a minha habitual estada na terra que me viu nascer, tive a oportunidade de assistir, no dia 29 de Agosto último, à abertura da exposição relativa aos 90 anos de vida do Girassol. uma excelente iniciativa do núcleo vianense da EPHEMERA, a que se associou a Câmara Municipal da cidade, na presença de Pacheco Pereira, prestigiado fundador deste “Arquivo-Biblioteca” de memórias nacionais perdidas no tempo e agora reencontradas, que já constitui um acervo de valor inestimável do património cultural português.

Exposição excelente, inserida num vasto programa cultural, organizada por pessoas competentes e culturalmente ricas, que se dispuseram a sacrificar muito do seu tempo para pesquisarem, julgo que dificilmente, o historial de um estabelecimento emblemático da cidade. Muitos parabéns pelo sucesso obtido.

Entre os objetos expostos, figurava um painel de fotografias obtidas na esplanada sul do Girassol, creio que nos finais dos anos 40, intitulado de “Família Veiga Anjos” e várias pessoas se me dirigiram inquirindo da ligação da nossa família ao Café Girassol.

Em síntese, tive oportunidade de explicar que a exploração comercial era feita pelo casal Rosa Correia de Barros e Humberto Barros, dedicando-se a primeira à gestão da “cafetaria e salão de chá”, e o segundo à gestão no negócio de “representação e comércio de refrigerantes e bebidas”.

Por isso, a grande obreira e impulsionadora do Girassol enquanto “um dos mais aprazíveis locais do país com esmerado serviço de chás e cafés”, “ponto de reunião ímpar da Sociedade Vianense” e ” de encontro das senhoras vianenses para o chá das cinco e seus jogos de canasta”, como os jornais da época noticiavam, foi exatamente Rosa Correia de Barros, de seu nome, mais conhecida por Dona Rosa. Elegante e bonita senhora, de cabelos aloirados e olhos azuis, de fino trato e esmerado porte, mãe excelente, esposa exemplar e muito amiga de todos os seus familiares. Irradiante de simpatia e exigente no seu trabalho. Só assim o Girassol se impôs na qualidade dos serviços que prestava e no panorama do lazer vianense da época.

Ora, esta Senhora, era a irmã mais velha do meu saudoso pai João dos Anjos que, vaidoso da sua prole de cinco filhos, gostava de nos levar ao Girassol aos domingos de manhã, bem “enfarpelados” pela mãe Maria da Hora, para vermos a tia e brincarmos com os primos. As fotografias anexas são dessa época. Uma, da tia com os filhos, outra com o seu irmão João e os pequenotes Veiga Anjos.

A tia Rosa acabaria por falecer precocemente, de leucemia, em 1952, com a idade de 44 anos, deixando três filhos – Francisco, Humberta (mais conhecida por Berta do Girassol) e Paulo. Estes últimos faleceram recentemente e o Francisco, o mais velho, emigrou para o Brasil muito jovem, para por lá ficar, sempre roído pelas saudades da sua Viana e dos seus irmãos, tios e primos.

 

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