Acessos marítimos ao porto de mar Continua a malapata?

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A obra dos acessos marítimos ao porto de mar de Viana e aos ENVC, hoje West Sea, segundo informação camarária, aproxima-se do fim. Esta, contempla um aprofundamento do canal de acesso e respetivas dragagens que se alargam a todo o anteporto e à parte poente da antiga doca comercial, local onde se situa o navio Gil Eannes.

Estamos perante uma intervenção de absoluta necessidade que só peca por tardia. Os acessos ao porto de mar são um problema de séculos, mas são-no mais acentuadamente desde 1944, data em que se fundaram os ENVC e começaram a chegar a Viana navios de maior calado. As embarcações tinham espaço de arrumação nos locais para onde se dirigiam, mas era preciso ultrapassar o “cabo das tormentas” no canal de acesso. Foram anos de dramas, com acidentes permanentes, felizmente nunca de grande monta, e com navios construídos em Viana a terem que rumar a Lisboa para acabamentos finais, tendo em conta cargas e marés. Mas não foram dramas só para os ENVC, também o foram para a Empresa de Pesca de Viana, fundada em 1925, que sempre teve que descarregar parte da carga de bacalhau em Leixões, de forma a que os navios pudessem entrar em segurança em Viana.

Bem clamaram os vianenses, tendo este jornal como porta voz dos seus protestos, mas de pouco valeu, porque os sucessivos governos nunca foram além de operações de cosmética, fazendo vista grossa dos anseios da gente do Norte e do seu desespero por ver a sua região permanentemente estagnada.

Mas esta obra em fase terminal parece que também não se livra de casos, já que não terá as dragagens previstas e necessárias para dar boa operacionalidade ao anteporto, porto e estaleiros navais. Será que estamos predestinados a viver eternamente com problemas nos acessos ao porto, áreas adjacentes e empresas de construção e reparação naval? Será que vamos ter mais uma obra com um custo de 30 milhões de euros para manter os mesmos problemas de sempre? Será que os poderes não se assumem de uma vez por todas e nos dotam das condições que há séculos reivindicamos? Será que vamos continuar a hipotecar o futuro de progresso que desejamos e para o qual tanto nos temos esforçado?

Vale a pena perguntar, mais uma vez, a que propósito nos subordinaram ao porto de Leixões e acabaram com a autonomia do Porto de Viana, tornando-nos num porto residual, quando bem sabemos que Leixões desde sempre abocanhou para si todo o movimento de navios, olhando o porto de Viana com sobranceria. Até parece que os poderes locais e os vianenses se esqueceram de toda esta triste e verídica história.

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