Aculturemo-nos

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Viana do Castelo vai dispor de uma equipa de mediadores municipais e interculturais (pag.04). Como primeiro comentário, independentemente de não se saber de todo como vai ser composta e quais vão ser as suas práticas, apenas se conhecendo alguns princípios basilares, parece uma medida merecedora de aplauso.

Com o incremento da imigração em Portugal – se bem que não com a dimensão de outros países europeus – urge criar mecanismos para aproximar quem chega de quem cá está. Por outro lado, há quem cá esteja desde sempre, mas ainda confinado a espaços próprios e com dificuldades de fazer parte da sociedade no seu todo.

Quanto mais os povos se aproximarem, interagirem e socializarem, menos incompatíveis serão e mais oportunidades terão para construir sociedades sólidas e evoluídas. O pior que pode acontecer com as comunidades é dividirem-se em função de classes, culturas, interesses de grupo e outras variedades. Quando as populações não conseguem criar o chamado espírito de grupo, quer em planos restritos para melhorar condições de boa vivência, quer em planos bem mais alargados que tocam o país no seu todo, o que podemos esperar é uma evolução lenta da sociedade em geral.

Portugal não é um país fechado e associável. Se mais não faz é porque a vida não está fácil para ninguém. Os problemas das famílias são de tal ordem que mal dá para respirar. Mas, tantas vezes se verifica, que os portugueses, quando chamados a participar, marcam presença. Por isso, é sempre bem-vindo tudo o que for incentivo para esbater barreiras e criar proximidades.

E, como começamos por afirmar, a imigração será uma realidade entre nós, muito também pela razão sobejamente conhecida dos nossos baixos índices de natalidade. Até na nossa cidade, e mesmo concelho, os focos migratórios são já bem visíveis, felizmente com um trabalho de acolhimento a partir do município que só temos que gabar e ajudar a desenvolver-se. Como país de emigração que fomos e somos – hoje menos e em moldes diferentes –, moralmente, as nossas obrigações são maiores.

Daí que deva prevalecer o convencimento de que todas as medidas a adotar para aproximar culturas, facilitar entendimentos, resolver situações dificultadas por questões linguísticas ou de outra índole, combinar usos e costumes, “forçar” a proximidade a quem por hábito estabelece o gueto, todas as medidas, dizíamos, são de encorajar. Mas que não faltem os meios elementares para que o trabalho a realizar não defraude expectativas.

 

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