Na Grécia antiga, o Aerópago era o supremo Tribunal, onde os seus Membros (Arcontes), responsáveis pela sua Sabedoria e Imparcialidade, julgavam os crimes mais graves e tentavam defender os mais fracos…
Ocorreu-me isto na memória, agora que vamos ter Eleições Legislativas no fim do corrente mês. Vamos escolher os novos Deputados do Parlamento, os quais, em certo sentido, desempenharão funções algo parecidas com as dos “Arcontes” gregos, uma vez que vão julgar comportamentos cívicos de Políticos e Cidadãos bem como legislar sobre a “Rés pública”… O mês de Janeiro, portanto, vai transformar-se numa espécie de areópago fazendo luz sobre os melhores caminhos a seguir para a descoberta do Bem-Comum da Pátria Portuguesa, isto é: dos Portugueses que somos todos nós.
Os Candidatos (modernos arcontes) vão tentar provar que têm sabedoria e imparcialidade suficientes para merecerem o nosso voto de Eleitores. Para tanto, não vão faltar comícios de esclarecimento, antagónicos nos meios a utilizar, debates de nós ou eles, muitas palmas, abraços, ofertas, jantaradas, música de intervenção, promessas e garantias, uma reinação misturada com refregas… Muita gente irá para a rua para distribuir papelada, apelar a compadrios, suplicar camaradagem, fazer coceguinhas nas costas dos papalvos hipnotizados com tamanha euforia…!
Muitos outros cidadãos, porém, mais cautos, prudentes, circunspectos, recordando as palavras de Camões: “Oh! Glória de mandar! Oh! Vã cobiça!” – não vão na onda só com tais bóias de salvação…
Pensam – e muito bem! Só darão o seu voto, não por compadrio ou vinculação partidária, mas sim pela razoabilidade e justeza das causas, aliadas ao crédito seguro dos promissores de maravilhas…
Portugueses: nada de abstenção! Vamos votar nas causas e pessoas que melhor nos pareça serem verídicas, sérias, honestas, mais servidoras da Pátria e Bem-Comum do que de interesses particulares de egoísmo!
