CANS, CANNES E VIANA

Ricardo Simões
Ricardo Simões

Todos conhecemos a expressão Perre, Paris e Londres, com que jocosamente se ufanam os habitantes daquela freguesia vianense. Numa formulação tão mais engraçada e eficaz quanto adaptável, já certamente alguma vez dissemos ou ouvimos dizer: “Isto é Viana (ou Darque; ou Barroselas; ou o que quisermos…), Paris e Londres!”.

A fórmula pode ser empregue tanto como crítica negativa, como enquanto expressão positiva de bairrismo e, associada à ideia de lugar, esta tríade pode também condensar o anseio das terras pequenas por maiores horizontes.

Mas à dicotomia das fórmulas pequeno-grande; menor-maior; menos-mais; com que quantificamos quase tudo nesta sociedade que o sociólogo e filósofo Zigmunt Bauman classificou de líquida podemos, justamente enquanto “pequenos”, contrapor lógicas qualitativas também capazes de gerar distinção nos territórios de média e baixa densidade.

Em 1939, reagindo à ingerência do regime de Mussolini na Mostra Internacional de Cinema de Veneza (que incluiu a criação de um troféu designado Mussolini Cup), vários cineastas europeus, incluindo o próprio Louis Lumière, impulsionaram a criação daquele que é hoje o Festival de Cannes, que fez daquela cidade francesa a capital mundial do cinema e suplantou o mais antigo festival italiano.

Por seu turno, em 2004, e parodiando o que consideravam ser o excessivo fausto do festival francês, um grupo de amigos organizou um festival cinéfilo em contexto rural, na Galiza, que transportava espetadores em atrelados de trator, fazia salas de projeção em estábulos e criava o conceito de agro-glamour, naquele que é hoje o Festival de Cans e que fez daquela freguesia a capital espanhola da curta-metragem.

No seu artigo Apoio às artes: a mudança inadiável (jornal Público, 25.07.2020) o antigo Secretário de Estado da Cultura Mário Vieira de Carvalho escreve “Estamos num momento crucial, “irrepetível” e a cultura em geral e o campo das artes em particular não podem ficar para trás.”.

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