Capela de S. Roque – Rubiães

Rui Maia
Rui Maia

Roque nasceu na cidade francesa de Montpellier, no seio de uma família abastada, era filho de Juan e Libéria. Acredita-se que o seu nascimento tenha ocorrido em meados do século XIV.

Roque nasceu com a marca de uma cruz no seu peito, de cor vermelha, daí a génese do seu nome: Roc deriva de Rouge. Quando os seus pais faleceram, sabendo que por direito seria o herdeiro de todo o património, preferiu abdicar do mesmo, distribuindo os bens pelos pobres e por um tio. Roque, escolheu uma vida humilde, livre de luxos, e assim, vestiu o hábito de peregrino, partindo para Roma. Ao alcançar o seu destino, deparou-se com uma cidade fustigada pela Peste, e Roque na sua simplicidade, ao fazer um Sinal da Cruz sobre os tristes enfermos, assim os curava da malograda doença. Ao terminar a sua missão, Roque regressou à sua terra natal e, com ele, carregava a maldita doença, que contraíra no contacto com os enfermos. Roque, doente e abalado, refugiou-se numa floresta, e nesse intervalo de tempo Deus enviou-lhe um Anjo, que o apaziguou e curou.

Foi-lhe também enviado um Cão, que o acompanhou e alimentou todos os dias. Assim, Roque recuperou da sua doença, e continuou a sua caminhada, encontrando o seu país e a sua cidade em guerra. Roque, ao chegar, não foi reconhecido pelos seus conterrâneos, devido às suas vestes de peregrino, e aspeto modificado, julgando-o um espião. Não sendo reconhecido na sua terra natal foi feito prisioneiro durante cinco anos, acabando por finar-se no cárcere. O seu tio, que era governador da cidade, ao tomar conhecimento da morte desse prisioneiro e ao perceber que se tratava de Roque, seu sobrinho, ficou devastado. O tio de Roque mandou edificar um templo em sua honra e, mais tarde, o seu corpo foi trasladado para Itália – passando por todos os locais onde ele em vida curou os enfermos – assim, «nasceu» S. Roque, e o culto ao Santo. Não se tratando de um dos mais populares Santos em Portugal, é em França e Itália que a sua importância é maior. Contudo, em Portugal surgem locais de culto em sua memória, um pouco por todo o país.

Acontece, por exemplo, na freguesia de Rubiães, em Paredes de Coura, precisamente junto à Estrada Nacional 201, integrando os “Caminhos de S. Tiago”. É curiosa a sua presença nesse local, uma vez que a escassos metros mais adiante, em direção à Galiza, se encontra a Capela de S. Pedro – Românica. S. Roque apresenta-se na iconografia religiosa como uma figura de estatura pequena, com vestes de peregrino, ora mais simples, ora mais opulentas (por ser proveniente de família abastada). A sua condição de peregrino faz com que surja de barba grande, cabelos compridos e encaracolados, e botas compridas, dobradas ligeiramente abaixo dos joelhos. Junto às imagens do Santo, surge quase sempre o Anjo e um Cão, ora do lado esquerdo, ora do direito. O cão, surge com um pão na boca, ou lambendo a chaga de S. Roque – a figura deste animal representa a lealdade – pensa-se que seja um Galgo, pela sua fidelidade. O culto a este Santo é-nos bastante familiar, bem como a muitos outros cidadãos, até porque a sua celebração ocorre durante o verão, em agosto, época em que muitos portugueses na diáspora regressam ao país, e com eles carregam muita da fé que esses locais neles cultivaram ao longo da vida.

Hoje, a Peste fustiga o Mundo, mais uma vez, e, quem sabe, devêssemos todos rogar ao Santo de Montpellier que dela nos livre. A Capela de S. Roque de Rubiães que junto à E.N. 201 se situa, demonstra que a fé percorre os caminhos, acompanha e fortalece os viajantes, é alento na tristeza, gratidão na alegria. A finalizar, cinzelamos uma breve reflexão em poucas palavras, de sentido e sentimento.

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