Como cinéfilo convicto, entendo que um filme de género comédia é determinante para desanuviar a nossa mente, sendo que um deles, que é eficaz nesse sentido, é a vetusta série inglesa de filmes “Carry On”, que por mérito da produção e da equipe de atores dedicados, foram capazes de lavrar 31 longas-metragens divertidas, que se traduziram num êxito assinalável.
Essa contundente afirmação de “Carry On” no seio cinematográfico concretizou-se entre o período de 1958 e 1978, projetado através duma matriz de base satírica, que junta laivos criativos de humor, na base de uma narrativa simplista e objetiva. Com essa finalidade, o enredo cingiu-se a aspetos da sociedade, invocando também temas relacionados com componentes históricas, salientando o ímpeto hilariante, que proporciona o riso espontâneo dos espectadores. Outro detalhe pertinente, refere-se à prestação exímia de um grupo de atores que deram corpo às várias personagens, sendo uma presença assídua e categórica em grande parte dos filmes.
Neste conjunto de 31 filmes, um dos que achei piada, é “Carry on abroad”, de 1972, que conta a viagem de um grupo de turistas até a uma zona balnear para desfrutarem de um fim de semana alargado. Só que ao chegarem ao regaço do alojamento, para pasmo de toda a comitiva, estes denotam que o hotel não passa de um embuste, sendo visível a degradação do edifício, inflacionado pelo péssimo serviço, e consignado por uma gestão deplorável, gerando situações rocambolescas, envolvendo os clientes e os atarantados proprietários.
Mais um filme que indico, é o “Carry On Matron”, também de 1972, que se compagina através das incidências afetas a uma Maternidade, na qual são cruciais uma mistela de vários fatores que dão azo a uma história repleta de condimentos jocosos. Assim temos: um homem que se disfarça de enfermeira para assaltar o cofre da instituição, num golpe arquitetado pelo chefe do seu bando; a existência de um pessoal médico extravagante, personificado por um profissional paranoico e hipocondríaco, e outro seu colega que assedia frequentemente as jovens candidatas a enfermeiras; além das várias grávidas que, perto de dar luz, extrapolam os seus preconceitos e respetivas manias.
Outro filme que consta na lista das minhas preferências, é o denominado “Carry On Camping” de 1969, que tem como figuras centrais dois amigos, que resolvem levar as suas namoradas para acampar, com segundas intenções, mas estas não permitem avanços no que toca a relações de índole sexual. Porém, quando estes subitamente se deparam com duas jovens atraentes no local onde decorre o acampamento, não fazem outra coisa senão enredar as esbeltas raparigas, para nítido incómodo das suas companheiras. Não obstante a importância destas personagens, outras que fazem parte da coreografia do acampamento, posicionam-se como complementos vitais, tornando o filme bastante engraçado.
Por último recomendo, o filme Don’t Lose Your Head de 1967, que tem como pano de fundo a época onde eclodiu a revolução francesa. Diante dessa eminente convulsão, dois cabotinos pertencentes à aristocracia francesa deleitam-se a condenar à morte na praça pública quem supostamente prevarica contra o reino, executando-os implacavelmente na letal guilhotina. Mas estes são regularmente travados pela ação heroica do “Unha Negra”, que, com as suas artimanhas ridiculizadoras, os deixa completamente embaraçados.
