Chegou a Páscoa, floresce a Esperança

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O tempo de pandemia trouxe-nos a privação das nossas vivências, encontros e ousadias. Tivemos que adiar as nossas tradições culturais e religiosas e as nossas festas, entre as quais, a Páscoa! Não há dúvida de que a Páscoa é uma festa importante para o nosso Ato Minho, para todas as pessoas, porque está enraizada na nossa cultura: o compasso pascal, os doces, as mesas, os foguetes, o grupo de gaiteiros e de bombos, sem esquecer as bandas de música. As famílias e os amigos encontram-se. É um ressurgir, retornar à vida e ao que ela tem de mais maravilhoso: o encontro, a alegria de estar, esse cordão de paz e harmonia. 

A Páscoa é vida a desabrochar. Tem a força da primavera que cresce em flor por entre um inverno que nos priva da vida. A Páscoa traz a alegria da Ressurreição,  a renovação da esperança, na vivência das celebrações do Tríduo Pascal e da visita pascal, quando a pandemia está longe de partir e o pior do coração humano cresce não só no massacre do povo ucraniano, mas também na indiferença e no silêncio de tantos.

Para nós cristãos, a pandemia privou-nos, num primeiro ano, da celebração do Tríduo Pascal, o coração do Ano litúrgico (Eucaristia vespertina da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa; Adoração da Santa Cruz, na Sexta-feira Santa; e Vigília Pascal, no Sábado Santo à noite) e da visita pascal. Aprendemos a viver as liturgias domésticas: um pouco à imagem dos judeus que no exílio estavam privados do templo, as famílias tomaram consciência de que são a igreja que vive nas casas, a igreja doméstica. O ano passado só pudemos celebrar nas igrejas o Tríduo Pascal, celebrar a Páscoa com o Senhor. Foi muito positivo porque nos ajudou a descobrir que aqueles três dias de celebrações são determinantes para a vivência da nossa fé. Este ano, a Páscoa não só traz a alegria da Ressurreição,  renovação da esperança, mas também o retomar da visita pascal ou tradicional compasso pascal.

A vivência do Domingo de Páscoa, da oitava da Páscoa e do Tempo pascal (50 dias até ao Pentecoste) é essencial na vida dos cristãos. Isto porque, depois de uma caminhada espiritual da Quaresma como um tempo de renovação e purificação interior, de celebrarem o Tríduo Pascal, a Paixão, Morte e Ressurreicao de Cristo, agora estão capacitados e sentem o ardor e o entusiasmo de anunciar a bela notícia de casa em casa. Levar a alegria da Ressurreição, da vida nova, ao coração das famílias. E as famílias abrem as portas da sua casa como quem abre as janelas da sua alma ao sol quente da primavera. Com um sabor muito especial este ano, num tempo de retoma do normal, mas ainda neste contexto de pandemia que infelizmente teima em permanecer, e onde a paz tarda, num mundo onde os interesses dos poderosos da economia, das multinacionais, dos oligarcas, prevalece sobre a vida e dignidade das pessoas; onde os prepotentes e totalitários exterminam seres humanos; e onde tantos e tantos deixam as suas terras para se refugiarem em mundos novos à procura de um pouco de dignidade.

Que esta Páscoa seja para todos nós uma jubilosa confissão da esperança no Senhor, ressuscitado e vivo, que é a esperança sempre nova da Igreja e da humanidade! Santa e Feliz Páscoa para todos!

Padre Vasco Gonçalves

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