Comemorar e viver Abril

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Iniciamos a próxima semana com o aniversário da Revolução dos Cravos. Olhando para as muitas revoluções que no universo aconteceram e vão acontecendo, agora e sempre, porque o mundo não é imutável, só podemos considerar que fomos diferentes, já que tivemos uma revolução onde o cravo substituiu a arma. Pacificamente, pusemos fim a uma ditadura de 48 anos que já tinha dado suficientes provas da sua anormalidade num continente de democracia plena.

Ninguém nos levava a sério e, infelizmente, como nação, constituíamos um anacronismo de pouco sentido, já que, para além de outras misérias, protagonizávamos uma guerra que contrariava todas as lógicas do mundo moderno. Apesar de tudo, até nós, nesta Europa desenvolvida e de conforto, estávamos a ter um crescimento para além do que era habitual, depois de nos termos incorporado na Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), em 1960; porém, de pouco contributo para alavancar o país, teimosamente enredado na Guerra Colonial, a não querer fazer o que há muito tinham feito outros países colonizadores.

Tivemos uma revolução sem sobressaltos, mesmo pesando alguma agitação e pequenos excessos próprios de uma mudança forçada de sistema político. Por si só, este é um feito que marca indelevelmente a ação desencadeada em 25 de Abril de 1974. Beneficiámos, posteriormente, de todas as condições para fazer de Portugal um país mais evoluído. Se de todo não as aproveitámos, também não podemos negar que com a alteração de regime verificado tudo se alterou para melhor neste país. E esta é a mensagem que tem que prevalecer, particularmente junto das populações jovens.

Nas escolas, mesmo que insuficientemente, a Revolução de Abril vai sendo debatida. Vê-se nas comemorações de cada ano com a participação dos estabelecimentos de ensino, através de concursos, exposições, debates, etc. Contudo, a juventude teima em manter-se algo arredada do assunto. É pena, mais ainda se considerarmos que somos todos um pouco culpados por esta apatia. Como disse Marcelo Rebelo de Sousa nas comemorações de 2020, “não invocar o 25 de Abril seria um absurdo cívico, e um péssimo sinal”. Infelizmente, temos memória curta e já esquecemos este belo discurso do nosso Presidente da República.

Comemorar, viver e divulgar Abril é estar com os valores da liberdade, da tolerância, do respeito e da valorização do ser humano; é defender a construção de uma sociedade de grandeza nos mais diversos domínios, acima de tudo, na base do direito e do apreço de todos para com todos.

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