Comentando a Estação dos Caminhos de Ferro

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Conforme combinado, partimos para o encontro no Shopping. Aí chegados, deparamos com Joaquim Terroso acompanhado de um pequeno grupo excursionista. “Acidentalmente, enquanto vos aguardava, encontrei esta gente vinda da capital em excursão”, disse-nos Joaquim. Conhecia alguns e os restantes passei a conhecê-los agora. São todos amigos, compinchas, e interessados no conhecimento. Querem dar uma volta pela cidade.

Acompanhá-los-ei, mas, antes de tal, assistirão à conversa que os nossos encontros proporcionam, que, avisados de tal, logo disseram ser muito interessante, se acolhidos”.
Muito bem, Caro Joaquim, gente curiosa e ávida do saber é sempre bem-vinda. Mas hoje escasseia-nos o tempo. Nem sempre a vida se pode organizar de acordo com programas antecipados. O imprevisto pode surgir em cada momento, dissemos. “Bom podíamos ficar por aqui, em amena cavaqueira, observando e comentando esta Estação dos Caminhos de Ferro de traça majestosa”, responde, compreensivo, Terroso. “Sabem por acaso, em que data foi construída?”, disse, na retaguarda do grupo, um dos excursionistas que se tinha mantido silencioso e atento à conversa. Joaquim Terroso, com manifesta satisfação, respondeu de imediato. “Até aí, sei eu. Começou a construir-se no ano de 1878, foi franqueada ao público em 1882 e teve desejada inauguração em 25 de março de 1887. Foi autor do Projeto o Eng.º Alfredo Soares”. As palmas, a premiar convicto conhecimento, não se fizeram esperar. “Alto”, diz Terroso. “Não acreditem na minha memória prodigiosa, porque não existe. Recolhi há pouco esta informação na internet. Mas, com recurso a outras fontes de informação, concretamente uma revista de belo aparato gráfico, «Nos 140 anos da Ponte Eiffel», da responsabilidade de Rui Faria Viana, digníssimo Diretor da Biblioteca Municipal desta cidade, e meu particular amigo, quero dizer-vos que, aquando da inauguração da ponte, a 30 de Junho de 1878, decorreram as cerimónias desse evento nesta vistosa estação, que ainda o era provisoriamente. E, já agora, adianto que, na qualidade de Presidente do Conselho de Ministros, participou neste ato, entre outros, o bem conhecido Fontes Pereira de Melo, de quem recentemente foi publicada uma aturada biografia no nosso Aurora do Lima”. Mais umas palmas e o nosso Joaquim, empolgado, acrescentou, “bom, mas não há bela sem senão”. Todo o grupo mirou com surpresa Terroso, à espera de saber qual o senão. “Pois, é que a construção desta estação, iniciada em 1877, obrigou à demolição do antigo Convento dos Crúzios, que havia sido fundado em 1631”.

“Ahhh”, clamou espantado o grupo. “Então demoliram um convento que tinha sido construído há 246 anos”. É verdade, anuiu Terroso. Mas estes nossos amigos já estão atrasados em relação aos seus compromissos no jornal “A Aurora do Lima”. Essa história ficará para outra oportunidade. Se não for convosco, será comigo e com eles. Uma despedida emotiva deu por findo o encontro com este simpático e curioso grupo excursionista, capitaneado por Joaquim Terroso, homem que nos mostra em cada semana a sua imensa bondade.

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