Comprometimento sim, pânico não

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Neste “Notas curtas” não podia deixar de me referir ao tema presente, o Coronavírus, obviamente. Não se trata de aconselhar sobre o que fazer ou evitar. Não tenho essa pretensão, nem assumo tal ousadia. Por isso, não irei além de algumas breves considerações.

Tudo indica que estamos perante um problema de saúde grave, que exige o melhor empenhamento de todos para o contrariar. Contudo, em situações de perigosidade assumirmos o pânico só contribui para o descontrolo da situação, gerando fenómenos contraproducentes. Mas o contrário também se pode tornar perigoso. Se nos alhearmos do problema, por vezes com comportamentos arriscados, podemos em muito contribuir para agravar o nosso bem-estar e o da comunidade em geral.

Somos muito dados à crítica, como todos os povos em geral, particularmente onde vigora a liberdade, mas mais do que nunca devemos ser contidos na opinião, porque em situações destas, dado o desconhecimento da origem do mal, o errar acontece mais. Lêem-se comentários nas redes sociais que considero despropositados e injustos, em particular aqueles que acusam os governantes de incapacidade no saber lidar com a situação, porque partiu tarde demais para a adoção de medidas. Mas, se as medidas tivessem sido antecipadas, não faltariam as críticas de alarmismos injustificados.

É preciso acreditar em quem cuida de nós, a todos os níveis, respondendo da melhor forma às orientações que nos são dadas, mantendo toda a serenidade possível e não perturbando quem faz o seu trabalho. Felizmente, o que temos visto até aqui por parte dos poderes é humildade, reconhecimento de dificuldades por desconhecimento e solidariedade entre os diversos órgãos. Até os partidos políticos se estão a entender por constatação evidente da delicadeza do problema, o que só devemos louvar.

O SNS que temos, e que tantos criticam, mais do que nunca, vai ser agora testado. Jamais tive dúvidas de que dispomos de um dos 20 melhores sistemas de saúde entre os cerca de 200 países do mundo. Mas desta vez teremos o teste mais evidente. Acredito que teremos um SNS à altura da gravidade do momento, no qual participam milhares de cidadãos, que arriscam a vida por nós e que merecem o nosso melhor respeito e estima. Vale a pena meditar e interrogarmo-nos como enfrentaríamos mais esta crise com o não Serviço Nacional de Saúde do Estado Novo, esse regime de que tantos ainda têm saudades.

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