Crónica de Bruxelas

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Há pouco tempo, assisti à transmissão televisiva da tomada de posse do XXIII governo constitucional, chefiado por António Costa, de maioria absoluta, depois da brilhante vitoria obtida pelo Partido Socialista nas últimas eleições gerais. Pessoalmente, fico muito satisfeito com este resultado, julgando que será sentimento maioritário de Portugal. O discurso de posse, brilhantemente exposto pelo Primeiro-Ministro, foi um enumerado de objetivos a alcançar para melhorar a vida de cada um dos cidadãos lusos.

Depois de vencida a Covid, com o governo na primeira linha, temos de novo a vida complicada, com   desafios multiplicados, provocados por esta absurda guerra na Ucrânia. António Costa não ignorou esses desafios e, corajosamente, traçou perspetivas de desenvolvimento, com o objetivo de melhor preparar o nosso pais para o futuro, sobretudo para os vindouros, a quem se referiu com muito ênfase. Portugal vai dispor de   fundos extraordinários, negociados com os parceiros da União Europeia, para serem consagrados ao desenvolvimento e à modernização da nossa sociedade, com o objetivo de favorecer significativamente a vida de todos nós. Nunca poderemos esquecer as disparidades sociais que existem na família portuguesa, pois elas são patentes aos olhos de todos.

O PDR, Plano de Desenvolvimento e Resiliência, elaborado por António Costa Silva, Ministro da Economia e do Mar será, em princípio, o guião que, cumprido, constituirá uma verdadeira revolução, no bom sentido, trazendo melhorias substanciais para a Nação e os seus filhos. Fiquei duplamente satisfeito pela nomeação de 3 Alto-Minhotos para o elenco governativo, desejando-lhes bom trabalho e muitos sucessos nas difíceis tarefas a levar a cabo. Porque os conheci pessoalmente, também desejo muito sucesso a 2 governantes agora nomeados. Referindo-os, começo pela Dra. Isabel Oneto, Secretária de Estado da Administração Interna (cargo que já exerceu anteriormente). Conhecia-a, no seio da sua família, quando ainda era menina. Seus pais, Ermelinda Solnado e o meu querido Fernando Oneto, foram dois corajosos antifascistas, infelizmente já falecidos. Quando a Isabel nasceu, o pai Fernando estava preso nas prisões do déspota de São Bento, por ter participado na revolta da Sé. Partiu depois para o exilio em Paris, onde encontrou vários combatentes oposicionistas ao regime que nos oprimia, entre os quais Mário Soares, com quem tinha estreitas relações de amizade.

Foi nesta cidade que, por intermédio de Ramos da Costa, dirigente fundador do Partido Socialista na Alemanha, que Mário Soares foi apresentado a François Mitterrand, dirigente socialista francês (ainda antes de ser Presidente da República).  Foi fruto deste relacionamento amistoso que Mitterrand apresentou Mário Soares a Willy Brandt, dirigente Socialista da Alemanha Federal, e a Olof Palme, do Partido Operário Social-democrata Sueco. Penso que foi a partir daqui que nasceram os nossos primeiros contactos com a Europa Democrática. Anos mais tarde, aconteceu o maravilhoso 25 de Abril, que democraticamente nos permitiu negociar com a C.E.E e a consequente admissão à Grande Família Europeia, da qual advieram imensos benefícios para todos os portugueses. 

Voltando à família Oneto, foi depois do 25 de Abril que na casa deles desfrutei de magníficos encontros.  O Fernando antes de ser dirigente do PS era militante da LUAR. As relações que tinha com ele e a restante família eram magnificas, muitas vezes com a presença do Palma Inácio, histórico dirigente da LUAR e militante ativo, desde 1947, na luta contra a ditadura; e com Mário Soares, que por vezes também lá aparecia. Foi nessa altura que tive o privilégio de conhecer o Raul Solnado, por quem tinha muita admiração, que era membro da família. A Isabel tem hoje uma assinalável carreira política, como vereadora que foi na Câmara do Porto, com Rui Rio, e mais tarde como Governadora Civil do Porto, com ação destacada no combate aos incêndios na Região Norte. É uma trabalhadora incansável, daí julgar que fará um bom trabalho em benefício do nosso país.

Passo a citar o Dr. Mário Filipe Campolargo, nomeado para Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa. Tinha um cargo de destaque aqui em Bruxelas, ao serviço da União Europeia, como Diretor Geral da CONNECT – Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologias. É muito apreciado pela sua competência e disponibilidade para servir, com o seu bondoso sorriso, que nunca dispensa. Um português de exceção, com quem tantas vezes confraternizei, no âmbito do “Cantinheiros”, espaço de debate, do qual sou assíduo participante.

Conheço, naturalmente, o ex-autarca de Viana, o Eng.  José Maria Costa. Entendo, porém, que em Viana haverá pessoas mais habilitadas do que eu para falar deste novo governante, ao qual desejo, muitos sucessos, valorizando a importância do mar para a nossa região. 

Sobre o discurso do Senhor Presidente da República, aquando do empossamento do Governo, entendo -o como pouco próprio de um momento solene como este. Os recados podem e devem ficar para o recato das reuniões privadas, tanto mais tratando-se da terceira personalidade do Estado!

Como professor e constitucionalista que é, sabe bem que são a Assembleia Nacional e os seus Deputados que controlam o Governo da Nação!

 

Domingos Campos

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