CTQuê?

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A situação era crítica: bolsos vazios e o desespero a rondar-nos a casa. Era assim em 2011. Como solução, o governo de Passos Coelho e Paulo Portas assumiu, com afinco, a política do empobrecimento. “Só damos a volta à crise empobrecendo”, era a máxima então adotada.

Esse objetivo nunca foi descuidado, até com aprofundamento das medidas dimanadas da Troika. E assim nos aproximamos da penúria, particularmente a classe média do país. O “rapanço” foi tal que ainda hoje parte dos portugueses são credores de direitos confiscados ao longo desse consulado de quatro anos.

Paralelamente, pôs-se à venda o pouco que havia e fundamental na gestão do país. EDP, REN, CTT, e ANA, são as empresas mais conhecidas. Tudo enaltecido como negócio gordo para aliviar o sufoco das contas públicas. Contudo, há um ano, no portal “Dinheiro Vivo” era notícia o resultado de uma auditoria do Tribunal de Contas concluída em 2015.

Aí se dizia que as privatizações foram apressadas e aconteceram num enquadramento económico negativo, inviabilizando benefícios futuros, que foram distribuídos pelos investidores. No caso da EDP, os dividendos recebidos pela Chinesa “Three Gorges” já pagavam 40% do valor que a mesma pagou pela participação na elétrica portuguesa. Na REN, o pagamento aos acionistas “State Grid” e Oman Oil já correspondia a metade do investimento que estes fizeram em 2012. Sem comentários.

Especificamente, falemos do negócio dos CTT, uma empresa com quase 500 anos de serviço público, tal como ainda hoje acontece em boa parte do mundo. Os compradores pagaram 922 milhões de euros e o negócio de privatização foi considerado excecional. Pois, e até havia um caderno de encargos a prestar publicamente. Mas os portugueses já sabem como é o cumprimento de encargos para os privados.

De forma célere, era preciso rentabilizar o investimento, entregando lucros a investidores e pagando bem a gestores. Fez-se pois o que os nossos ilustres gerentes adoram fazer: reduzir custos eliminando postos de trabalho, fragilizando serviços e despedindo trabalhadores. Gerir com visão de futuro, melhorando produtividades e respeitando direitos não é com esta rapaziada. Não vale a pena falar no que são hoje os CTT, já que todos sentimos na pele os efeitos de tal.

Há dias chegou-me uma encomenda expedida no dia 13/5, que eu já dava como perdida; com muita sorte, no mesmo dia, entregaram-me outra enviada no dia 9/6; e hoje, dia 29/6, apareceu-me correio despachado no dia 5/6. Por receber, tenho outro expedido no dia 13/6. Já não nos bastava a covid19. Para desgraça nossa, não faltam outros males semelhantes no país.

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