Deixemos de assobiar para o ar

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Por mais otimismo que haja, não é recomendável que nos alheemos da realidade em que vivemos, seja no nosso pequeno mundo ou no de todos em geral. Ninguém tem dúvidas de que este país que habitamos tem problemas sérios, particularmente relacionados com uma pesada dívida externa, acompanhada de uma baixa produtividade, que neste espaço não dá para escalpelizar.

Não podemos infernizar a nossa existência pensando sempre no pior, mas mal andaremos se não estivermos atentos aos problemas que vão surgindo. Alguém há pouco tempo dizia que só solucionaríamos as nossas dificuldades financeiras empobrecendo, já que vivíamos acima das nossas reais possibilidades. Claro que se trata de uma teoria alinhada pelo conservadorismo estatizante, mas também não vale a pena pensar que é possível distribuir aquilo que não se produz. Mal de nós se não soubermos encontrar o melhor caminho para o desenvolvimento.

Todavia, a par desta realidade, temos o problema da diminuição da natalidade que, associado ao crescimento do índice emigratório, nos está a criar uma situação deveras preocupante. Não é de hoje nem do passado recente; e só se volta a falar dele porque nos chegam às mãos os números dos censos 2021. Contudo, dada a nossa cultura laxista, daqui a pouco tempo, infelizmente, o assunto deverá estar arredado da nossa agenda política e social.

O problema da natalidade não é só de Portugal. Ele estende-se a boa parte do mundo, particularmente ao continente europeu. Mas há países que desde há muito o estão a atacar. Vejamos a França, por exemplo, que consegue ter uma das mais altas taxas de natalidade da UE, com quase dois nascimentos por mulher. Pois, mas enquanto os franceses deitaram mão de um conjunto muito vasto de medidas direcionadas para este fim, entre nós, praticamente, “rezou-se” para que o problema não se agravasse, só que um país, por mais fé que haja, não se governa na base da crença.

Infelizmente, o distrito de Viana do Castelo, nesta matéria de baixa natalidade, foge à regra, mas para pior. Enquanto o decréscimo da população no país em geral foi de 2%, Viana distrito caiu 5,5% na última década. Viana concelho foi a menos penalizada, com uma quebra populacional de 3,22%, menos 2861 residentes. Melgaço, por sua vez, teve uma assustadora quebra de 15,6% dos seus residentes. Por vezes, afirma-se que, aceleradamente, caminhamos para um país de velhos. Não podemos dar razão a este argumento. A quebra da população é um problema demasiado sério para que nos alheemos dele.

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