Dignificar o livro

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Com a designação “Ler em Viana”, encerrou a feira do livro. Este ano com um figurino novo, que não colheu opinião unânime entre os vianenses. Mas a não unanimidade acontece em praticamente todas as realizações. E não é só em Viana, nem em Portugal. Por isso é que vale a pena afirmar que a diversidade de ideias até pode ser salutar. Em qualquer realização a divergência, contrariamente ao consenso, obriga-nos a fazer melhor, porque se está sob vigilância e, porventura, também para convencer os céticos.

Fomos ouvir quem fez e viveu a feira, e também aqui a concordância não esteve presente. Ora foi a data, pouco ajustada à vida das pessoas, particularmente às crianças, ainda em tempo de escola; ora foi o local, menos conhecido, por não ser público; ora foi o desconhecimento de que a entrada era gratuita; em suma tudo a contribuir para menores vendas. Na verdade, menos negócio em livros é desvantajoso para quem os comercializa e para a cultura, porque é daí que advém o conhecimento.

Mas há matéria em que praticamente todos estiveram de acordo, que foi o local, porque abrigado, protegido, airoso e cómodo. Não é assunto despiciendo, antes parece ser razão para continuar neste sentido, mas fazendo os ajustamentos necessários, ao nível de melhor para diferente, como é o caso da divulgação do evento, se bem que em nosso entender a informação foi abundante. Diversificar poderá ser possível, mas não devemos esquecer que, quem não quer ser informado, nunca a informação lhe chega. 

Para nós, há questões muito importantes neste novo figurino da feira. Tal como os livreiros, consideramos que o local é o mais indicado e promotor do livro e da cultura que este imana. É resguardado, protegido e proporcionador de um aspeto geral de qualidade, que dá agradabilidade a quem gosta de ver, consultar e adquirir livros. E havia-os para todos os gostos e para todas as idades. Por aí nada a dizer. O programa para os dias de feira também foi bem pensado, havendo até a preocupação de contenção com gastos, sem prejuízo da qualidade, que também é importante. Nem sempre os investimentos exagerados trazem atributo aos eventos. 

Temos dúvidas nas datas de realização. Talvez pudesse ser em tempo mais próximo do verão, mas não pode ser esquecido a muita oferta que habitualmente acontece nesta altura do ano. E, quanto mais for estendida a programação cultural, tanto melhor. Contas feitas, antes de mais, importante foi levar a cabo a iniciativa. É isso que a cultura reivindica.

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