Dirigir com grandeza

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Não é por o país inteiro estar a falar dele que também o chamamos para este espaço. Sim, é sobre Rui Nabeiro que, humildemente, queremos escrever. Perante os homens e as mulheres de excelência, por muito que os queiramos elevar, sentimo-nos insuficientes para sermos autenticamente justos e pouco indicados para o fazer. E Rui Nabeiro, mesmo estando no seu Alentejo, mais concretamente em Campo Maior, era um Homem de tal forma elevado que deixa de ser dos campomaiorenses para passar a ser um cidadão do mundo, perante o qual todos nos deveremos curvar.

As sociedades, em geral, não gozam do privilégio de ter muitos cidadãos e cidadãs da dimensão deste que acaba de falecer e concitou o respeito e a admiração de praticamente todos os portugueses, e de tanta gente que, estando para além das nossas fronteiras, pelo que dele sabiam, também o admiravam e respeitavam. É conhecido que, na hora da morte, todos salientamos quem falece, não tendo coragem de lhe apontar defeitos. Faz-se, tantas vezes, por dó e respeito, perpassando a ideia de que os expirados devem estar imunes a qualquer julgamento. Contudo, ditosamente, há maneiras de julgarmos quem se distingue em relação aos demais. E isso é patente na forma como se relevou a gratidão dos portugueses por um cidadão sobre quem a esmagadora maioria apenas sabia o que se ia dizendo nos órgãos de comunicação social.

O patrão da Delta conseguiu demonstrar que é possível ter empresas lucrativas, olhando em primeiro lugar para quem o servia. Não era apenas um homem bom, amigo de todos, que era capaz de empregar gente sem dela ter grande necessidade, porque se condoía com quem procurava emprego para dar sustento à família. Soube, igualmente, provar que tinha talento para construir empresas que, não abdicando da sua componente social, eram lucrativas e aptas a produzir riqueza para dinamizar o tecido económico da região em que as mesmas se inserem.

Trata-se de uma visão humanista e inteligente, que comprova ser possível criar trabalho produtivo do qual todos os integrantes do mesmo beneficiam. O drama é quando alguém teima em não querer compreender que, quanto mais se souber fazer das empresas unidades de labor socializado, mais a economia das regiões e do país lucram. Não se pode pensar em criar entidades laborais numa perspetiva de enriquecimento individualizado, porque o tempo acabará por demonstrar que esse não é o melhor caminho. 

              GFM

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