“Falando de Cinema”

Alcino Pereira
Alcino Pereira

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Antes de me pronunciar sobre a narrativa deste filme de origem britânica, prefiro destacar três aspetos inseridos nesta obra de 2021, que se sucederam com o surgimento imprevisto da pandemia Covid-19, designadamente os seus efeitos fatais e colaterais, que se corporizaram através da fase mais terrível do vírus.  Tendo como pano de fundo esse contexto, o filme remonta a março e abril de 2020, data em que o vírus se propagou imparavelmente por toda a europa, causando incomensuráveis mortes, principalmente entre a população idosa, em consonância com o cenário desta história, onde se observa o quotidiano duma instituição que alberga, idosos e pessoas de meia-idade, com problemas mentais associados.  Além dessa tragédia que se ramificou essencialmente nos lares, o filme realça de modo latente, o agudizar das doenças do foro psíquico, perpetrada por uma cadência que se salientou com os rígidos confinamentos, como recurso único, para contrariar o alastrar fatídico dessa infeção. Por fim, o último detalhe que o filme invoca, que não é de somenos importante, foi a alteração considerável das relações sociais e sentimentais, que o isolamento forçado ocasionou, especialmente registado em indivíduos com uma propensão carente, titubeante e pouco sólida, em termos afetivos e emocionais.    

No que diz respeito ao enredo, o introito do mesmo aborda o interesse raro duma mulher atraente, na casa dos vinte e tal anos, chamada Sarah, em trabalhar como cuidadora de pessoas sem autonomia, apesar de logo à partida demonstrar um traço de personalidade frustrado, a vários níveis, encontrando esta solução com o intuito de dar significado à sua confrangedora vida.    

Ao concorrer a essas funções, através da rotulada “Bright sky care home”, Sarah depara-se com o arguto administrador, Steve, que deteta algum nervosismo na candidata, mostrando-lhe relutância em contratá-la. Contudo graças à persistência desta, que soube ser simpática e comunicativa, aspetos primordiais para tratar o utente com dignidade, Steve garante-lhe o lugar, deixando a impressão que poderá ter apreciado o misto de sensualidade e agitação, omnipresente na sua nova colaboradora.  Porém, um dos residentes, Tony, também parece ter ficado fascinado com Sarah, por sinal, o mais novo do grupo, com 47 anos, e o caso mais bicudo, dessa instância. Sarah é posta à prova no primeiro dia, devido à patologia acirrada de Alzheimer de Tony, mal que o leva a optar pela fuga, sendo travado pela eficaz prestação de Sarah. 

Com o desenrolar dos dias, as coisas correm de feição para Sarah, numa ligação estreita com os ocupantes da instituição, particularmente com Tony, o seu elemento favorito, até que, subitamente, surge o pesadelo da Covid-19.   Sarah passa por momentos assustadores, quando o vírus emite o seu lastro lúgubre, aniquilando metade dos residentes, criando uma noite de pânico, em que Sarah, aflita, roga ajuda ao S.N.S, sem que obtenha auxílio, contando apenas com a ajuda do atónito Tony. 

Contudo, face a estas contingências, a doença mental de Tony agrava-se, com Steve a aplicar uma receita medicamentosa, que faz o doente definhar, tendo que Sarah agir de forma drástica para o salvar, se calhar, o seu único e surpreendente amor.

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