Genuinamente Natal

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Teremos um Natal mais comedido, menos efusivo e menos participado. Muitos já vêm dizendo que esta não será verdadeiramente a festa da família, antes a do distanciamento, em que predominará a tristeza e até o medo, porque quase ninguém sabe em que condições de saúde se encontra. Poderá ser um pouco isto que acontecerá, mas tudo depende da forma como cada um se ajusta às realidades de cada momento, e em especial neste.

O período Natalício tem, na verdade, um sentido bem-querido para quase todos os cidadãos do mundo, particularmente para os cristãos. É o tempo em que as famílias mais se aproximam e em que o sentimento solidário mais se vinca; que as amizades se solidificam e no qual a tolerância mais prevalece, aceitando com espontaneidade perdões por erros que eventualmente se possam ter cometido; no fundo, este é o tempo que, provavelmente, todos desejariam que fosse para a vida.

E podemos ter o tempo natalício permanentemente connosco. Basta que cada um faça um pouco da parte que lhe toca, na convicção de que a vida tem muito mais sentido quando vivida com naturalidade, sem aversões e sabendo sacudir ambições desmedidas, que tantas vezes levam ao atropelamento de terceiros. Não se pode desejar comunidades perfeitas, porque isso não passa de um sentimento utópico, já que o Ser Humano transporta consigo demasiadas imperfeições, mas é possível ter um pouco do espírito natalício em cada dia nas nossas casas e na sociedade em geral.

Mas voltemos ao princípio. Teremos mesmo um Natal pandémico, que obriga a menores contactos, menos efusividade, mais distanciamento e, generalizando, mais prudência. Pois, mas o sentimento solidário pode estar em cada um de nós, com cada um no seu devido espaço. As efusividades nem sempre são reveladoras de afetos interiorizados. Não há razões para sentirmos um Natal diferente, no convencimento de que o verdadeiro espírito não vai este ano estar presente na casa de cada um. Estará sempre se cada um o souber assumir autenticamente.

Difícil será o Natal de tantos e tantos deserdados, de tanta gente afetada por guerras sem sentido, por ódios religiosos ou de qualquer outra ordem, por insuficiências de toda a espécie, onde o minimamente essencial não se pode colocar na mesa, e tantas outras desgraças. Se pensarmos um pouco em todos esses, veremos que não há razões para desânimos e que o nosso mal não vale de nada, se comparado com o de muitos em todas a partes do mundo.

Para o próximo ano, muito provavelmente, a normalidade voltará a instalar-se. Partindo desta possível realidade, temos mais razões para dizer que haverá sempre Natal. Então que cada um tenha o melhor Natal. Boas Festas para todos.

GFM

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