Ignorante humilde!

Nunabre
Nunabre

Mais deísta do que fideísta, eu deixo-me guiar bastante pela RAZÃO, mesmo quando, guiado por esta, julgo chegar mais depressa ao conhecimento de Deus. Sim: eu quase reclamo, racionalmente, a existência de um SER (poderoso, sábio, eterno, quiçá bom, não desligado das suas criaturas) Criador de tantas maravilhas que admiramos nos reinos da Natureza mineral, vegetal, animal, humana…!

“Não sei Teu nome nem bem quem Tu és, ó Criador de tanta maravilha!” – assim começa um dos muitos sonetos meus, por mim editados em vários livros! E logo prossigo: “Sei que, sem Ti, mergulharão meus pés, tal qual um náufrago ao fugir da ilha…!”

Sim, eu sou mais deísta do que fideísta…! Como tal, porém, e monologando, muitas vezes, de mim para mim, eu interrogo-me, mas ficando sempre à espera da resposta que nunca chega: – Será que eu posso falar, ao menos em pensamento, com esse Deus-Criador!? Será que os meus desabafos com Ele são realmente ouvidos ou lidos!?… Apenas recebo o eco da minha interpelação…!

Quem me dera ter a certeza de que, rezando, não estou a falar para um muro ecoante, um vácuo inerte, um vazio sem nada de interlocutor…!

Claro: eu sei bem que, na catequese, me ensinaram: “rezar é falar com Deus”… Só que “falar com” implica um certo diálogo… Sim, eu sei bem que, em Filosófico-Teológicas, me falaram de Teodiceia, de um Deus: uno, trino, criador, redentor, humanizado em Jesus Cristo (Este ainda tão envolto em mistérios e controvérsias…!).

Eu sei tudo isso; mas sei, também, a frase de Santo Agostinho – segundo consta – segundo a qual “melhor sabemos de Deus sabendo o que Ele não é”…! Eu também ignoro…! Esbarro sempre com intransponíveis incógnitas…!

É verdade: Deus é um mistério quase absoluto, excepto quanto à Sua existência e para muitos até nesta…! Se acreditar na existência de Deus já é, de certo modo, ter fé, então com ufana alegria o proclamo: eu sou e quero continuar a ser um Crente!

Por este prisma prosseguirei – assim espero – os meus louvores e súplicas ao Deus-Criador, embora eu não saiba – e gostasse de saber – se os meus desabafos são algo mais do que “sonoros clamores no deserto”…! Talvez não…! Oxalá não…! Sonhar assim também alimenta um humilde ignorante, sempre carente de mais saber…!

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