Há muito tempo, William Cowper escreveu “O dia mais cinzento, vivido hoje, mesmo que dure até amanhã, pertencerá, rapidamente, ao passado”. Sempre foi e sempre será assim. Todas as nossas vidas têm e terão dias cinzentos. E os dias cinzentos passarão.

A vida seguindo de perto a sua insistente imposição de tragédia, desdiz a verdade da ferida com uma benevolência suave. É outro dia. E devemos dar-lhe as boas vindas. 

Deixemos passar os dias cinzentos e que estes fiquem inundados da aceitação que cura as nossas feridas através do esquecimento gradual. Não renovemos a escuridão repetidas vezes nos amanhãs sucessivos, “mas deixemos o passado morto enterrar os seus mortos”. Nada do que é terreno dura sempre. A maior parte dos problemas, a menos que renovados, duram apenas um pequeno instante.

Evite a futilidade de esfregar o convés de um navio que se está a afundar; se ele deve afundar-se, ele afundar-se-á. Devemos antes procurar outra passagem. 

A porta do futuro espera por si. Há uma lei na vida que diz, quando se fecha uma porta abre-se outra. Assim é. Tudo passa. É na nossa materialidade, organizada em fatores de tempo e espaço que nos movemos. Por isso, estamos presos ao tempo e ao espaço e são as nossas aflições ou as nossas alegrias que nos dão a noção ilusória do tempo que, ora demora, ora brevemente passa. Mas, sim, é neste tempo/espaço que, nesta etapa evolutiva, nos movemos e devemos ter a “inteligência” para saber que estamos de passagem e que só o tempo e espaço permanecem.

Quantas aflições nos acometeram e passaram? Quantas alegrias nos visitaram e logo se afastaram? E é nesta moldura que existimos para que algo permaneça. O quê? O nosso ser que vai visitando as sombras e as luzes para aprender a ascender quando tudo parece sombra e para entesourar quando os brilhos fugazes nos ofertam momentos de amor e paz. Saibamos, através dos momentos que se sucedem, que tudo passa e caminharemos sem sombras que nos esmaguem, mesmo quando a dor dói, pois ela passará.