Juventude para sempre e seniores para nunca? Uma visão sobre uma luta infortunada.

Natacha Cabral
Natacha Cabral

Jovens, onde andam vocês?

Seniores, onde está a vossa voz?

 

Há um desencontro claro de gerações, que, tristemente, se prolonga por tempo incerto, e o fosso cavado parece ser, inevitavelmente, cada vez maior. Mas, será isto o caminho certo? Não serão apenas falsas aparências criadas por uma ilusão maior?

 

O mundo é um local regido por leis, nas quais uma delas é a lei dos opostos, logo, o novo nunca subsistiria sem o velho, e vice-versa.

 

O tempo das acusações já foi tempo demais. De quem é a culpa é o que menos deveria importar. Saber como proceder e alterar padrões enraizados deveria ser o nosso objetivo maior.

 

Jovem, é preciso a tua coragem, assim como do Sénior a tolerância.

Jovem, é preciso a tua audácia, assim como do Sénior a sabedoria.

Jovem, é preciso a tua ação, assim como do Sénior o apoio.

Somos todos precisos, num lugar onde todos valemos.

 

Se recuarmos atrás no tempo, e tivermos como exemplo a luta levada a cabo por Martin Luther King nos Estados Unidos da América, foi graças à ousadia dos jovens e à união dos mais velhos a esta causa, que o povo Negro se libertou de anos a fio de uma segregação cruel. Este exemplo da força pela união marcou todo o mundo e hoje, podemos gritar com orgulho, que ninguém é mais que ninguém, independentemente da cor, raça ou nacionalidade. Assim, não seria de esperar que o exemplo perdurasse no tempo? Que fossemos mais uns para os outros? Que usássemos as qualidades em prol de uma causa maior e deixássemos de lado os direitos e os orgulhos inerentes às faixas etárias da vida?

Não me conformo com o silêncio de quem já viveu, assim como não entendo a moleza de quem agora vive.

 

É como se quem já vivesse, tivesse abdicado da esperança de outros dias, do mesmo modo de quem ainda viverá, não visse um futuro promissor. Mas um dia, o Sénior foi Jovem, e o Jovem, um dia, será Sénior, daí que haja certas responsabilidades de que não adianta fugirmos, pois todos carregamos o carimbo bem nas nossas costas que se reflete numa consciência coletiva. Deixar para amanhã, arrumar debaixo do tapete ou passar a batata quente são cenários que não nos servem, nem a mim, nem a ti, nem a você, nem a ninguém.

 

A questão que vos lanço é a seguinte: por quanto mais tempo vamos continuar a achar que aquilo que se passa, a nós, não nos diz respeito?

No fim de contas, não é sobre ganhar uma guerra, mas sim sobre o quanto persistimos em estar de pé.

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