E por extenso, como poderia ter sido escrito por José de Almada-Negreiros, Poeta de Orfeu, Futurista e Tudo
Basta, Sim, Basta!
Uma geração que consinta deixar-se vencer por um coronavírus é uma geração que nunca o será.
Acima a geração!
Morra o Covid, morra! Sim!
O Covid saberá transmissão, saberá replicação, saberá inoculação, saberá fazer infeções virais, saberá tudo, menos dar-nos saúde, que é a única coisa que ele não faz!
O Covid pesca tanto de seres humanos que até infeta animais!
O Covid é um habilidoso!
O Covid é piroso!
O Covid usa coroa porque se acha rei!
O Covid especula e inocula os negacionistas!
O Covid é Covid!
O Covid é corona!
Morra o Covid, morra! Sim!
Não é preciso encarapuçar-se pra se ser salteador, basta ser como o Covid! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem clínicos, nem humanos! Basta circular com as pessoas, com as suas tosses e com as suas salivações! Basta suspender-se um bocadinho, basta ser muito pequenino, e usar o ar e as superfícies! Basta ser Vírus! Basta ser Covid!
Morra o Covid, morra! Sim!
O Covid é um tema único dele-próprio!
O Covid é horroroso!
O Covid já cheira mal!
O Covid há-se ser o escárnio da Biologia!
Se o Covid é infeção eu quero ser anticorpo!
Morra o Covid, morra! Sim!
Continuasse o senhor Covid eternamente e havia de ganhar muito com a abertura de tantos noticiários, até ainda se apanhava com estátuas Covid, e nomes de praças mudados para Praça Covid, e gel Covid prás mãos, e máscaras Covid para a cara, e pasta Covid prós dentes, e graxa Covid prás botas, e comprimidos Covid, e autoclismos Covid e Covid, e Covid, e Covid, e Covid… E zaragatoas Covid-Wireless!
Mas fique sabendo o Covid que, quando a vacinação terminar, haverá tais munições de manguitos que levarão dois séculos a gastar!
O Mundo inteiro há-de reabrir os olhos um dia – porque este vírus não é incurável – e gritar-se-á que a pandemia acabou e que o toque, o abraço e o beijo voltaram a ser qualquer coisa de seguro e asseado.
Morra o Covid, morra! Sim!