Manuel Afonso de Espregueira (1835-1917)

Rui Maia
Rui Maia

Manuel Afonso de Espregueira nasceu em Vila Franca, concelho de Viana do Castelo, aos 5 dias de junho de 1835. Formou-se em Bacharel em Matemática pela Universidade de Coimbra – realizou os cursos de Infantaria e do Estado-Maior na Escola do Exército. Em 1856 foi promovido a Alferes e, passados 43 anos, em 1899, alcançou o posto de General de brigada e, em 1901, o de General de divisão de reserva. No âmbito da sua formação, destaca-se ainda o curso de Engenharia que frequentou na Escola de Pontes e Calçadas de Paris, tendo sido um dos alunos mais classificados, junto de personalidades como Sadi-Carnot, que viria a ser Presidente da República Francesa. Uma vez que integrava o quadro dos engenheiros de Obras Públicas, deixara o serviço ativo no Exército. Em 1902, aos 14 de julho, reformou-se por ter atingido o limite de idade.  Foi eleito deputado em diversas legislaturas, de 1869 a 1904 – Em 1885 foi Vice-Presidente da Câmara dos Deputados – Presidente em 1890 e 1897 – Par do Reino por carta régia, de 4 de abril de 1905 – Ministro da Fazenda em 1898, 1901, 1904, 1908 e 1909. A sua atividade como engenheiro foi particularmente relevante, sobretudo como diretor das obras do Mondego e da barra da Figueira – Nos estudos sobre o Porto de Leixões e barra do Douro – No Porto de Viana do Castelo e no Porto artificial de Ponta Delgada. Manuel Afonso de Espregueira ainda fez parte da Junta Consultiva de Obras Públicas, de quem foi Inspetor Geral. Desempenhou um cargo de particular importância como Diretor Geral da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, de 1872 a 1885 e de 1890 a 1894, destacando-se o seu contributo para resolver o atravessamento do rio Douro pela linha férrea do Norte. Do seu cunho, destacam-se os seguintes estudos: 

• Missão do estudo ao Porto de Antuérpia – Lisboa, 1886;

• A interpelação sobre as obras do Porto de Lisboa – discurso proferido na Câmara dos Deputados, nas sessões de 2 e 4 de maio de 1888;

• Memória descritiva do projeto de um Porto de abrigo em Leixões – Lisboa, 1874;

• Relatório dirigido a Sua Ex.ª o Ministro das Obras Públicas e legislação relativa ao rio Mondego, valas e campos de Coimbra – Coimbra, 1869;

• Memória sobre as obras executadas nos campos do Mondego, desde 1 de julho de 1866 até 31 de outubro de 1870 – Lisboa, 1871;

• Relatório sobre a administração do Porto artificial de Ponta Delgada – Lisboa, 1871;

• Projeto para conclusão do Porto artificial de Ponta Delgada – Lisboa, 1872;

• “A Questão Leixões – Salamanca”, discurso proferido na Câmara dos Deputados na sessão de 18 de julho de 1889;

• “Projeto do Caminho de Ferro de Mossamedes”, discurso proferido numa das sessões da Câmara dos Deputados em 1890;

• Relatório, propostas de lei e documentos apresentados na Câmara dos Deputados – Lisboa, 1900 e 1905. 

Esse insigne minhoto foi possuidor das seguintes condecorações: Grande Oficial – Comendador – Oficial e Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Avis – Comendador da Ordem de Nossa Sra. da Conceição de Vila Viçosa – Oficial da Legião de Honra e da Ordem da Rosa do Brasil – Grã-Cruz da Águia Vermelha da Alemanha; do Danneborg, da Dinamarca – do Mérito Militar, de Espanha – Comendador da Ordem de Carlos III, de Espanha. 

O magnânimo Manuel Afonso de Espregueira finou-se na sua casa de Vila Franca, aos 28 dias de dezembro de 1917, aos 82 anos de idade. Além de figura ímpar da política do século XIX, adorado por uns, e odiado por outros, não deixa de ser um de nós, que lutou pela sua região. 

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