Memórias e afetos – Eu sei!

Leandro Matos
Leandro Matos

Quando eu era janota e com alguns palmos de altura, eu falava “muito alto” para ser homem… Queria crescer. Entendia que o tempo demorava a passar!

Eu dizia: Eu sei, eu sei, eu sei, eu sei.

Era o começo da Primavera, mas quando fiz 18 anos, eu dizia e respondia: Eu sei, aí está, desta vez eu sei.

Hoje, nos dias em que me dou conta, observo a terra por onde andei de um lado para outro, o que percorri pelo mundo e ainda não sei como ela gira!

Aos 25 anos, eu sabia tudo. O amor. Casei. As plantas, os projetos, a vida, o dinheiro…uma esperança. Ah! Sim, o amor… naquela idade eu tinha dado a volta toda. Por todo o lado.

E, com os meus amigos tinha comido todo o pão que o diabo amassou por outras paragens! Outros tempos! Tudo era cor de rosa nessa época.
No meio da minha vida, eu ainda aprendi. O que aprendi cabe em três ou quatro palavras, ou talvez mais!

Assim, no dia em que alguém gosta de ti, tu dizes que está um tempo maravilhoso! Como vais? Questionas. Disposto a tudo! Não posso dizer melhor: Um tempo excelente, bonito!…O que não se diz!!! Enfim. Conversas de ocasião.

É o que ainda me admira na vida, eu que estou no outono e a chegar ao inverno da minha vida.
A gente esquece tanta noite de tristeza, mas nunca uma manhã de amizade e de esperança na vida. Só assim se vive.
E
m toda a minha juventude eu quis dizer! Eu sei. Só que, quanto mais eu procurava, menos eu sabia.

Setenta batidas que soaram no relógio e mais algumas, ainda estou agora à minha janela…à espera!

Olho e interrogo-me frequentemente: Agora eu sei. Eu sei que nunca se sabe. A vida, o amor, o afeto, a alma, o dinheiro, os amigos…

Nunca se sabe o ruído e a cor das coisas belas ou sublimes!

É tudo o que eu sei.

Mas isso eu sei.

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