No rescaldo das Festas

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Em 2021, a capa deste jornal dizia que “o esplendor à Festa haveria de voltar”. Este ano, no mesmo espaço, escrevemos que “o esplendor à Romaria voltou”. Não tínhamos dúvidas, já que as Festas da Agonia são sempre grandiosas. Há quem diga que não se pode morrer sem viver intensamente as nossas Festas. Talvez seja exagero, mas há cada vez mais gente a querer visitar Viana em dias de Romaria.

Tivemos muita gente, talvez demais, porque a cidade manifesta dificuldade em saber gerir este movimento atípico. O problema não é de hoje, mas está em permanente crescimento. Perturbação, especulação e falta de alojamento já eram caso nas décadas de 1920/30, disso há registos. Já se sabe que em tempos excecionais não é possível que tudo corra bem, mas a adoção de medidas para minorar males também é assunto que nunca foi bem tratado. Não se compreende porque é que autoridades e autarquia não criam um plano para dar organização e fluidez à vida intensa na cidade nestes dias, particularmente de carros, porque, em tempo de Festas, deficientes, idosos, grávidas e crianças têm poucas hipóteses de sair de casa, já que há momentos em que não há espaço para os peões, estando este pejado de viaturas. Utilizar parques de automóveis, nas entradas da cidade, é uma solução que  deve ser incentivada. E se a tendência é para aumentar, como vamos vendo com o passar do tempo, velhas práticas não são boas soluções.

A par da muita gente, tivemos um programa festivo que não foi de todo bem-sucedido, particularmente nos números mais especiais: Cortejo, Festa do Traje e Serenata. Sobre esta, não há muito a dizer, por causa das limitações impostas superiormente. Sobre os outros, o caso é diferente. Em 2019, aqui referimos que as Festas tinham dado um passo em frente nas suas iniciativas mais emblemáticas, mas, este ano, não houve evolução, antes aspetos menos bem conseguidos. Nem sempre se alcança o melhor desempenho no que se faz, mas o reconhecimento de que nem tudo esteve bem ajuda a superar males e a melhorar práticas. Fica o desafio para que em 2023 tudo corra melhor.

Tal como vem acontecendo na Europa a que pertencemos, o Governo tomou um conjunto de medidas de combate à inflação. Mesmo modestas e tardias, são sempre de aplaudir, porque muitos males haverão de minorar. As oposições criticaram a sua insuficiência; e o Governo defendeu-se com a necessidade do não agravamento da dívida do país, que bem conhecemos como assustadora. Já aqui o dissemos e ao assunto voltamos: enquanto não soubermos encontrar o caminho do crescimento da economia, vamos continuar a ralhar todos uns com os outros. É pena.

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