Notas de Cena

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Fez esta semana, a 26 de maio, 100 anos que nasceu Ruben Alfredo Andresen Leitão, conhecido por Ruben A., escritor ligado à freguesia de Carreço, a Viana do Castelo e ao Alto Minho: “É verdade, entre mim e o Alto Minho existe um entendimento puro, de sonho, saudado em azul e pôr do Sol.”.

Natural do Porto, aí partilhou com a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen,  de quem era primo direito, as férias de infância, na Casa Andresen, ao Jardim do Campo Alegre.

Ruben Leitão formou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra (antes teve explicações de Agostinho da Silva e depois foi colega de Eduardo Lourenço). Foi leitor de português no King’s College, em Londres, depois funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa, posteriormente Administrador da Imprensa Nacional – Casa da Moeda e, também mais tarde, diretor geral para os Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura.

Mas, paralela e continuamente, Ruben A. dedicou-se à escrita de forma intensa, como historiador, ensaísta, romancista, cronista, poeta e dramaturgo, tendo escrito as peças “Triálogo”, “Júlia” e o romance dialogado “Silêncio para 4”; a obra de crónicas em 6 volumes “Páginas”; a autobiografia em 3 volumes “O Mundo à Minha Procura” e, de entre outras mais, talvez a sua obra magna, o romance “A Torre da Barbela”, inspirado em locais da Ribeira-Lima, sempre com o Alto Minho em fundo, numa narrativa de imaginação, riqueza e inovação linguísticas que não têm par na literatura portuguesa do pós-guerra.

Apaixonado por Carreço, bem perto do Farol de Montedor construiu a sua casa, refúgio e idílio a que chamou “Sargaço”. Nesta freguesia vianense quis ficar sepultado, perto do mar. Sempre. Lá permanece desde 1975. E a sua obra, que devemos celebrar, permanecerá na literatura portuguesa não apenas como a mais vívida criação de escrita a partir das gentes, dos lugares e costumes do Alto Minho, como igualmente, se afirmará como uma das mais originais do século XX português.

Ricardo Simões

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