O óptimo e o possível

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“Daqui a vinte anos a Europa é um museu de história medieval. A Ásia vai dominar”. Um amigo disse-me isto no regresso duma viagem a estes países. “Como podemos competir com a capacidade de trabalho e tecnológica dos gigantes asiáticos?”

Por aqui vamos falando em reduzir para quatro dias a semana de trabalho. Claro que estou de acordo. Mais tempo para o lazer, para a família. A questão está em saber se isso é possível, sem pôr em risco a nossa própria qualidade de vida, o nosso emprego que queremos bem remunerado. E sem pôr em causa o estado social. Que é caro.

Alguns líderes europeus têm caído na tentação de dar o que não podem. Vem o dia em que têm que recuar nos benefícios. E, meus caros, tirar é das coisas impossíveis de fazer sem cair em desgraça! Como está a acontecer em França. O país que estabeleceu uma idade de reforma muito abaixo da nossa, e agora tem que aumentar de 62 para 64 anos. E um milhão de franceses continuam nas ruas. A discussão é conhecida: quem governa conclui que o estado não pode suportar os encargos sem comprometer o futuro do país. Por seu lado, os governados entendem que esses direitos que foram dados não podem ser retirados. Acham que, se não podiam dar, que não tivessem dado!  Sou tentado a concordar. Mas, depois, olho para esta realidade que me traz este amigo que chegou da Ásia: na Coreia do Sul os jovens não estão a querer aceitar a semana de 69 horas. Sessenta e nove! 

Isto não vai acabar bem. Ilusões à parte, seremos obrigados a decidir entre o ótimo e o possível. Se queremos manter e melhorar o que temos. 

Eduardo Costa

– Jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional

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