O palco-altar da Jornada Mundial da Juventude

Carlos Branco Morais
Carlos Branco Morais

O Governo, as Câmaras de Lisboa e Loures e a Igreja incluíram, nos seus orçamentos, despesas de várias dezenas de milhões de euros, para que o Papa, muitos bispos, centenas de sacerdotes e mais de um milhão de jovens de todo o mundo sejam recebidos com dignidade, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em agosto de 2023.

Num país com um quinto da sua população na pobreza ou em risco de nela cair, compreende-se que muitos questionem a bondade da aplicação de tanto dinheiro na realização desta Jornada. O atraso no planeamento e na tomada e articulação de decisões, a desconfiança na gestão de recursos públicos e algum anticlericalismo, mais ou menos velado, justificarão a polémica que se levantou, nos últimos dias, sobre a construção do palco-altar, multifuncional, que acolherá as celebrações finais da JMJ, no Parque Urbano do Tejo/Trancão.

Na comunicação social nacional, queimados alguns políticos, silencia-se, agora, subtilmente, a falta de ética e estabilidade em várias instituições públicas e acende-se a dúvida sobre a honorabilidade de dirigentes de outras instituições, laicas e religiosas.

Entre o fumo das fogueiras que crepitam em Lisboa e a neblina que paira sobre alguns casos do nosso passado recente, não podemos deixar de reconhecer quão diferente é o tratamento que está a ser dado à preparação da JMJ relativamente ao que mereceu a demolição do “Prédio do Coutinho”, em Viana. 

A demolição deste edifício terá custado 30 milhões de euros, 18 milhões pagos pelos portugueses e 12 milhões suportados pelos vianenses. E, se os investimentos previstos para a JMJ terão retorno, do qual são parte os mais de 20 milhões de euros da infraestruturação dos terrenos do Parque Urbano, ainda não conhecemos qualquer retorno de valor significativo da “desconstrução” do “Prédio do Coutinho”…

A JMJ é o maior evento católico do mundo.  Assumida, em 2019, a responsabilidade da realização da Jornada, erija-se, agora, depressa e bem, o palco-altar para a celebração condigna do seu encerramento!

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