O respeito que a democracia nos merece

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Observando o mundo e o quanto é dramática a vida de muitos milhões de pessoas que vivem sob o jugo do poder déspota, não podemos deixar de reconhecer e louvar o quanto é bom viver em democracia. Felizmente, Portugal é um país democrático, que dispõe de uma Constituição que garante as liberdades fundamentais dos cidadãos e um sistema de poder que consagra o pluralismo partidário e a alternância de poder. Desta forma, só temos que defender esta avançada democracia, que muito contribui para reforçar a nossa autoestima e o orgulho de sermos portugueses. Preservámo-la, respeitando-a e valorizando-a na base de um comportamento elevado, de boa vivência em sociedade, de respeito pelos direitos de cada um e da propriedade coletiva.

Infelizmente, há muito a corrigir em todos nós. Continuamos a reivindicar direitos, tantas vezes justos, mas esquecendo em demasia deveres que são tão sagrados tanto quanto o são os direitos; ainda acarinhamos demasiado a conflitualidade, recorrendo aos poderes judiciais mais do que o devíamos fazer; ainda somos insuficientes na resolução da divergência na base do diálogo; teimamos em respeitar pouco os bens públicos e a natureza que nos dá vida e terá, obrigatoriamente, de a dar às gerações futuras; em suma, estamos longe de fazer o bastante para aprofundamento do estado de direito que somos. E isto vale para cada cidadão e vale para as instituições, estas com obrigações maiores.

A este jornal, muito regularmente, chegam queixas de cidadãos a denunciar situações anormais e a solicitar correções. Não deixamos de fazer eco desses apelos de gente que quase só dispõe deste meio para se fazer ouvir. Mas as orelhas moucas fazem-se sentir um pouco por toda a parte. Há meses que um cidadão meadelense se dirigia a nós para que denunciássemos uma situação de desleixo, já que uma caixa fornecedora de rede informática de operadoras de comunicação ameaçava cair em cima dos transeuntes que, por ali, circulavam. Num contacto rápido soubemos que a autarquia já tinha alertado, reiteradamente, e solicitado diligências à entidade. Os meses passaram e a dita caixa tornava-se cada vez mais ameaçadora. A denúncia pública foi feita por nós mais que uma vez, mas de nada valeu. Decorrido, provavelmente, mais de um ano, aconselhamos o nosso leitor a apresentar queixa na polícia. Assim foi feito. Passado pouco tempo, uma carrinha da MEO dirigiu-se ao local para dar segurança à dita caixa. Conclusão: Há muito a fazer no domínio da cidadania e na valorização da democracia. Ainda somos um Estado Democrático com muitos aleijões. Tristemente… 

                                                            GFM

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