Quem casa quer casa”

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

Nos tempos que correm, parece que este velho provérbio se ajusta bem ao “quem casa fica em casa”. Com salários modestos, baixa oferta de habitação, e casas inacessíveis na aquisição ou no arrendamento, a quem estabelece união só resta viver com a família. Não dá para ter ilusões de “casamento amoroso, complementado com abrigo honroso”.

Sabe-se mal como aqui se chegou. Em dezembro de 2012, no portal “Dinheiro vivo”, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), escrevia-se que em Portugal havia mais 1,8 milhões de casas do que famílias. Ainda segundo o INE, 32% dos alojamentos existentes correspondiam a residências secundárias ou estavam desocupados. Era assim há 11 anos. Perante as dificuldades que hoje se deparam aos portugueses para comprar ou alugar casa, e aos jovens em particular, é obrigatório questionar quem nos tem governado para saber como até aqui caminhámos.

Surge agora uma proposta de lei para minorar o problema, que não agrada a ninguém, ao ponto de por alguns ser apelidada de subversiva. Terá o projeto muitos pontos negros, contudo, o mais questionável é a forma como um assunto de suprema importância para quem não tem onde viver é mal tratado pela maioria da classe política. Todos os partidos têm programas próprios e visões distintas do Governo e, até aí, nada a questionar, já que assim manda o nosso sistema democrático. Contudo, civilizadamente, como gente de bem, em questões fundamentais, os entendimentos devem ser criados, para que a melhor governação se estabeleça. Se assim não for, jamais passaremos da condição de nação adiada.

Nesta tão delicada questão habitacional, e na procura de soluções para minorar desaires, também mal se compreende o menor envolvimento das Autarquias. Com o problema a avolumar-se, não se entende como, desde há muito tempo, o Governo e o Poder Autárquico, entendidamente, não foram capazes de criar as condições mínimas para que até aqui não se chegasse.

Não é fácil governar um país de poucos recursos e com uma conjuntura mundial pouco favorável, mas é possível fazer bem melhor. Porém, para bem de todos nós, as oposições, sem abdicarem das questões de princípio por que se regem, têm também a obrigação de contribuir com a parte que lhes toca.

             GFM 

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