Santiago e Fátima

Humberto Pinho da Silva
Humberto Pinho da Silva

Muitas vezes, quando estou na Póvoa do Varzim, vejo passar peregrinos que se dirigem para Santiago de Compostela.

Alguns são idosos, outros bastante jovens – quase adolescentes – que caminham aos pares ou isoladamente, levando, em regra, a tradicional vieira.

Admiro a coragem dessas gentes – quase todos estrangeiros – que se aventuram a percorrer caminhos quase desertos, expondo-se à intempérie, aos salteadores e às frias nortadas, por lugares ermos e perigosos.

O governo da Galiza, a bem da sua terra, tem realizado convincente propaganda, difundindo e reavivando os antigos caminhos que levam à catedral do Santo.

Certa ocasião, estando na esplanada de um bar em A–Ver–o–Mar, ouvi a conversa do proprietário com um desses peregrinos que vinha pedir a colocação de carimbo da firma, garantindo, assim, que passou por ali.

Admirei-me que os “peregrinos” estejam interessados em tais carimbos!…

Admirei-me, mas rapidamente me informaram estar na moda, e até é chique fazer tais “peregrinações.”

Soube, também, por jovens, que alguns fazem o percurso de carro, atravessando apenas as povoações a pé.

Onde chega o snobismo, a vaidade ou a ânsia de ser importante!  Como se isso tivesse valor!…

Bem diferentes são os peregrinos de Fátima, que caminham em grupo, rezando e cantando, palmilhando por atalhos e estradas, chegando muitos ao Santuário em lamentável estado de saúde.

São devotos de Nossa Senhora. Não colhem carimbos, nem se hospedam em hotéis; não comem em restaurantes elegantes, nem intercalam etapas de carro e a pé.

Uns vão a Compostela para fazerem turismo, por estar na moda… 

Outros vão a Fátima para cumprir promessas e pedir Graças.

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